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A importância de intensificar ações para aumentar a diversidade no ambiente corporativo

Por Celso Tacla, presidente da Valmet South America e membro do comitê executivo global da Valmet

A maioria das grandes empresas do Brasil já incorporou a agenda ESG (Environmental, Social, Governance; em português, “Ambiental, Social e Governança”) em suas práticas corporativas. Em um momento em que algumas empresas — principalmente nos Estados Unidos — se opõem a essa agenda por diversas razões, principalmente devido a pressões políticas e econômicas, a edição do Anuário Integridade ESG de 2024, editado pela Insight Comunicação e divulgado no portal da FGV, traz dados consolidados das empresas brasileiras que disseminam suas boas práticas junto à sociedade. 

Neste relatório, a Suzano e a Klabin aparecem com grande destaque. O relatório aponta que os setores de Papel e Celulose e Cosméticos permanecem com a melhor percepção ESG, com 95,4% e 94,8% de sentimento positivo, respectivamente. Como parte dessa agenda, a pauta de diversidade, equidade e inclusão (DE&I) ganhou relevância nos últimos anos. 

Algumas empresas são exemplares ao garantir que grupos historicamente sub-representados ocupem mais espaço no mercado de trabalho. A Natura, por exemplo, adota políticas de reserva de vagas para esses grupos e capacita sua assistente virtual para responder questões sobre diversidade. Casos como esse são amplamente discutidos na mídia, palestras e conferências, sendo referências em governança e cidadania. 

Neste artigo, destaco algumas iniciativas de diversidade e inclusão adotadas por empresas brasileiras do setor de celulose e papel, corroborando com a pesquisa mencionada anteriormente, sugerindo que talvez esse seja um dos setores que mais ativamente desenvolve ações nessa área, onde muitas companhias já têm programas implementados há vários anos. 

A Suzano reconhece que a pluralidade de ideias e vivências é essencial para um mundo melhor. Para 2025, estabeleceu metas de ter 30% de mulheres e 30% de pessoas negras em posições de liderança, além de garantir 100% de acessibilidade para pessoas com deficiência. A Veracel realiza, desde 2020, um diagnóstico estruturado para ampliar iniciativas de diversidade, promovendo programas de formação para mulheres, pessoas com deficiência e pessoas negras, além de ações internas como os “Diálogos pela Diversidade” e a “Semana da Diversidade”. A Bracell está transformando sua cultura para tornar o ambiente de trabalho mais igualitário. A empresa possui um Comitê de Diversidade e Inclusão, apoia o Grupo Mulheres do Brasil e já recebeu o Selo da Diversidade Étnico-Racial da Prefeitura de Salvador (2020-2021). 

Desde 2019, a Klabin intensificou ações de sensibilização, atração, desenvolvimento e engajamento voltadas à inclusão, com foco em gênero, raça, LGBTQIA+, pessoas com deficiência e diferentes gerações. A CMPC desenvolveu uma Política de Diversidade e Inclusão e lançou um programa de emprego para pessoas com diferentes habilidades, incluindo pessoas com deficiência, promovendo integração e crescimento. Em 2022, a Arauco aprovou políticas de Direitos Humanos e Diversidade, reafirmando seu compromisso com um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso. 

A Valmet investe em capacitação e desenvolvimento priorizando mulheres, jovens talentos e minorias em áreas técnicas e de liderança. Além disso, firmou parcerias com instituições para fomentar a educação e conscientização sobre diversidade, fortalecendo um setor mais inovador e representativo. 

Certamente, há muitos outros exemplos que mereceriam ser citados. Essas iniciativas mostram que a diversidade no setor de celulose e papel vai além de uma meta social: trata-se de uma estratégia de inovação e sustentabilidade. Promover a pluralidade amplia perspectivas, estimula ambientes criativos e fortalece a competitividade. 

Olhando adiante, é essencial avançar e enfrentar desafios. Não basta contratar talentos diversos; é preciso investir em treinamento contínuo, mentoria e criar espaços seguros para diálogo e troca de experiências. Essas práticas dependem de um compromisso estratégico e permanente, refletindo responsabilidade social e uma visão inovadora de mercado. 

Outro dia ouvi que a diversidade não diz respeito apenas a alguns grupos ou minorias, mas sim ao respeito, ao acolhimento e à inclusão de todos. Simples assim, sem muitas bandeiras e excessos. Além da escolha ética, em tempos em que a responsabilidade social corporativa ganha cada vez mais valor, é também um diferencial competitivo para empresas que desejam prosperar no cenário contemporâneo. 

Mas voltando à minha proposição no início deste artigo: você concorda que o setor de celulose e papel é um dos que mais ativamente desenvolve ações nesta área? 

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Celso Tacla

Celso Tacla é presidente da Valmet South America e membro do comitê executivo global da Valmet. Sua carreira profissional, iniciada em fábricas de celulose e papel, seguiu em diversas empresas de bens de capital voltadas ao setor de celulose, papel e energia, como a sueca Götaverken Energy, a norueguesa Kvaerner Pulping e as finlandesas Metso e Valmet. Em sua trajetória, atuou na liderança de processos para implementação de grandes projetos de produção de celulose, papel e energia para clientes no Brasil e em vários outros países da América do Sul.
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