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CEO da Suzano afirma que a empresa está preparada para queda de preços da celulose

No ano em que a companhia completa 99 anos, Walter Schalka analisa o futuro da Suzano em um cenário de queda gradual dos preços

Há uma década à frente da Suzano, Walter Schalka afirmou que para se manter competitiva, a empresa trabalha para ter “cara de startup”. Em janeiro de 2023, a companhia completou 99 anos de atividade, tendo alcançado a marca de maior fabricante de celulose de eucalipto do mundo.

O aniversário da companhia ocorreu em um contexto de resultados positivos ao longo de 2022, com o preço elevado da celulose no mercado. Contudo, é esperado que os preços recuem gradativamente neste ano, e Schalka afirma que a empresa está preparada para essa mudança. “O importante é a blindagem de custo que temos”, declarou o executivo.

Além disso, para o presidente da Suzano, a inovação e a sustentabilidade são as principais características que traduzem o DNA da empresa durante esses 99 anos e continuará durante o próximo século. “Muita gente apareceu para falar de ESG recentemente. Isso já era realidade na empresa”, citou o CEO.

ANÁLISE DO MERCADO

Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o presidente da Suzano analisou o futuro do mercado de celulose, em relação ao último ano, em três variáveis – a demanda, oferta e estoque.

“A demanda foi positiva e acredito que continuará a ser. A China deve passar por um processo de crescimento, com injeção de capital do governo. Europa e EUA estão com a demanda em alta. No lado da oferta, haverá um aumento no curto prazo, com a fábrica da Arauco no Chile e da UPM no Uruguai. A terceira variável é o estoque. Os estoques estão baixos. Haverá um momento de reposição. Se houver desequilíbrio, pode haver queda de preços. Temos muita tranquilidade porque já passamos inúmeras vezes pelos ciclos de preços altos e baixos”, ressaltou Schalka.

Para lidar com as questões macroeconômicas e suas constantes mudanças, Walter afirma que duas questões são inegociáveis: robustez e flexibilidade para uma rápida adaptação, pois ninguém pode prever a próxima crise.

AGENDA ESG

Apesar disso, o executivo acredita que é possível as empresas se manterem lucrativas e ainda alinhadas aos valores do ESG.

“Se acharmos que ESG vai tirar valor das empresas ou vai deixar elas não serem lucrativas, tem alguma coisa errada no mundo. Temos dois problemas sérios na sociedade global. Um é a crise climática. Somos oito bilhões de pessoas e temos de ter uma agenda colaborativa. O segundo é a desigualdade de oportunidades. Não dá para ter um conjunto de pessoas, cada vez menor, cada vez mais rica e um conjunto de pessoas, cada vez mais amplo, de pobres. Não dá para ter uma sociedade onde mulheres e pretos não têm as mesmas oportunidades que branco cis”, declarou o presidente da Suzano.

OUTROS NEGÓCIOS

O executivo ainda comentou que cada negócio da Suzano possui um nível elevado de autonomia e estratégia de crescimento. “Também temos um braço de investimento corporativo em startups. Buscamos novos caminhos o tempo todo, sempre entregando valor aos stakeholders”, afirmou Schalka.

Dentre os negócios que a Suzano atua, o de tissue tem crescido consideravelmente, desde quatro anos atrás – quando a companhia começou no segmento. Atualmente, a empresa é líder no Norte e Nordeste, além de ter adquirido a operação da Kimberly-Clark, passando a ocupar a primeira posição também em São Paulo.

Além disso, em seu mix de celulose, a companhia ainda produz a celulose fluff, para fraldas e absorventes. “Diziam que a celulose fluff de fibra curta não podia existir no mundo, que era um negócio 100% de fibra longa. Fizemos testes e achamos que dava para fazer. Hoje, o mercado quer migrar para fibra curta e não temos mais capacidade”, ressaltou Schalka.

Fonte
O Estado de São Paulo
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