CMPC investe US$ 4,6 bilhões em nova fábrica de celulose no Brasil
Projeto Natureza deve ampliar produção nacional e reforçar liderança global no setor
A chilena CMPC está desenvolvendo o Projeto Natureza, um empreendimento que prevê a construção de uma nova fábrica de celulose no município de Barra do Ribeiro, no Rio Grande do Sul. Com investimento estimado de US$ 4,6 bilhões, a planta terá capacidade para produzir 2,5 milhões de toneladas anuais de celulose de eucalipto. A operação está prevista para começar no segundo trimestre de 2029.
O projeto faz parte de um novo ciclo de crescimento do setor de base florestal, que deve movimentar R$ 105,4 bilhões no Brasil até 2028, de acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). O país, que já lidera como maior produtor e exportador mundial de celulose, terá sua posição reforçada com a nova fábrica.
A aprovação final do investimento pela CMPC está prevista para meados de 2026, segundo o presidente da companhia, Francisco Ruiz-Tagle. “Ao mesmo tempo, estamos trabalhando no projeto de engenharia e ampliando a base florestal”, afirmou o executivo em entrevista ao Valor Econômico. Atualmente, 50% das florestas necessárias para o abastecimento já estão garantidas, enquanto o restante virá de iniciativas como o programa RS+Renda.
Embora a empresa tenha enfrentado desafios relacionados ao aumento dos preços da terra e do eucalipto, Ruiz-Tagle destacou a organização do planejamento. “Tem sido um desafio, mas temos um plano ordenado”, disse.
style=”text-align: justify;”>O Brasil representa uma parte significativa da estratégia global da CMPC. Atualmente, a empresa opera uma fábrica em Guaíba (RS), cuja capacidade foi ampliada para 2,4 milhões de toneladas anuais com o Projeto BioCMPC, recém-inaugurado. No total, a nova unidade elevará a capacidade produtiva da companhia no país para 4,9 milhões de toneladas anuais.
Além dos US$ 4 bilhões destinados à fábrica, o investimento inclui US$ 420 milhões para infraestrutura e US$ 150 milhões para um terminal portuário em Rio Grande (RS).
APOSTA NA COMPETITIVIDADE BRASILEIRA
Com disponibilidade de terras e condições climáticas favoráveis ao cultivo de eucalipto, o Brasil segue como destino estratégico para grandes investimentos no setor. A expansão de projetos como o da CMPC, da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, e da Arauco, em Inocência, reforça o protagonismo do país no mercado global de celulose.
“O Brasil demonstrou ser uma área particularmente interessante para o crescimento da indústria de celulose. É sustentável e com custo competitivo. Não vejo como crescer mais no Chile em florestas, por exemplo”, destacou Ruiz-Tagle ao Valor Econômico.
Além de investir na produção de celulose, a CMPC atua no mercado brasileiro de tissue por meio da Softys, que realizou diversas aquisições nos últimos anos. A empresa também entrou no segmento de embalagens de papel com a aquisição de três fábricas da Iguaçu Celulose, anunciada no final de 2021.