No final da década de 60, existiam muitas críticas às florestas plantadas, incluindo que as plantações de eucalipto e pinus iriam prejudicar a mata nativa, causando desertificação, erosão, eliminação da biodiversidade e a expulsão de comunidades tradicionais. No entanto, o cenário atual demonstra que o setor florestal atestou para as organizações que as práticas realizadas nessas áreas têm certificação de sustentabilidade social e ambiental.
“Ao longo do tempo, acabamos nos tornando um vetor de preservação e de garantia da sobrevivência da biodiversidade”, aponta José Carlos da Fonseca, diretor-executivo da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).
Embora atualmente a agroindústria florestal brasileira seja referência mundial, foi necessário desconstruir os mitos que permeavam as inovações e adaptações nas técnicas de manejo dos cultivos. Dentre as tecnologias aplicadas – que hoje indicam o sucesso da produção e preservação no setor, mas já foram amplamente criticadas – estão os mosaicos florestais. Esse arranjo consta em uma simbiose entre florestas plantadas e mata nativa, gerando formas geométricas de tons verdes no relevo.
Mesmo antes da exigência do Código Florestal, o setor já transpassava suas áreas cultivadas com matas nativas. A média nacional é de quase 0,7 de preservação para cada 1,0 de produção.
Apenas o Brasil utiliza essa forma de manejo sustentável, mesclando plantações e florestas e as interligando por corredores ecológicos. Hoje, 9,55 milhões de hectares de árvores cultivadas são entrecortadas por 6 milhões de hectares de conservação, que juntos estocam 4,5 bilhões de toneladas de carbono anuais – o que corresponde a três vezes o total de emissões no país.
“Havia a ideia equivocada, e a ciência depois comprovou isso, que ao desenvolver florestas cultivadas em largas extensões territoriais, isso secaria o solo, que se tornaria um deserto verde. Hoje temos uma série relativamente longa de marcadores, computados com apoio de empresas especializadas e nossas associadas, que mostram que conseguimos de fato reduzir o uso dos recursos hídricos, tanto nas florestas como na parte fabril”, diz Fonseca.
Dados apontam que o setor de papel e celulose conseguiu reduzir em 75% o uso de água em seus processos, desde 1970.
SELO FSC AJUDOU A COMBATER MITOS COM SOLUÇÕES CONJUNTAS
A modernização do setor florestal brasileiro teve início na década de 90, com a criação do sistema de certificação tripartite do Conselho de Manejo Florestal (FSC®, do inglês Forest Stewardship Council), que hoje está presente em mais de 70 países.
Antes da criação do selo, empresas e ONG’s não dialogavam sobre quais eram as opções viáveis para um manejo sustentável e economicamente viável, encontrando no FSC um intermediário para comunicação e garantia de origem.
MAIS DE UM MILHÃO DE ÁRVORES PLANTADAS POR DIA
Atualmente, mais de um milhão de árvores são plantadas diariamente no Brasil, alcançando a maior produtividade média global (35 m3 por hectare/ano). Além disso, o setor produz 77,4% da energia que consome (90% renovável) e gera receitas de R$ 116 bilhões por ano, empregando direta e indiretamente 1,4 milhão de pessoas e integrando 1,6 milhão de produtores em seus programas de fomento.
“O IDH dos mil municípios em que estamos presentes, quando comparados aos vizinhos, é outra realidade. A costa leste do Mato Grosso do Sul, por exemplo, que era um bolsão de pobreza no país, hoje precisa importar mão de obra”, destaca o diretor do Ibá.