Os chamados financiamentos sustentáveis – títulos verdes, sociais, vinculados à sustentabilidade e de transição –, tem ganhado espaço no Brasil como um mercado promissor. Esses títulos são instrumentos de dívida emitidos por empresas, governos ou entidades, que são comercializados para atrair investimentos para projetos ligados a práticas ESG.
Segundo a consultoria Natural Intelligence (NINT), em 2021, o volume de operações emitidas com rótulo sustentável atingiu R$ 86,10 bilhões, com 120 operações. Até agosto de 2022, foram mapeadas 45 transações, somando R$ 36,97 bilhões. Considerando o todo, desde 2015 – quando data a primeira operação – esse mercado já movimentou R$ 177 bilhões com 236 operações.
Esse crescimento considerável está diretamente relacionado às operações ESG no Brasil, que representam uma pequena fatia no mercado global, mas que deve alcançar US$ 1,5 trilhão em 2022, ante US$ 1 trilhão em 2021, segundo a Environmental Finance.
Os chamados instrumentos vinculados a metas de sustentabilidade (Sustainability-Linked Bonds), os SLBs, têm ganhado cada vez mais espaço, por não exigirem um direcionamento de recursos para investimentos em projetos específicos, mas sim metas de indicadores.
“A questão climática tem evoluído nas discussões mundiais, com os consumidores mais engajados e os fundos de investimentos passando a privilegiar as empresas mais empenhadas na proteção socioambiental”, diz o diretor-executivo de sustentabilidade, cidadania financeira, relações com o consumidor e autorregulação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Amaury Oliva.
Essas operações têm se expandido para outros setores, como transportes, logística, biocombustíveis e outros, sendo o mercado de papel e celulose líder em volume, com 27%.
A Suzano realizou sua primeira operação sustentável em 2016, com a intenção de gerar ganho de reputação, segundo o diretor executivo de Finanças e de Relações com Investidores, Marcelo Bacci. Após seis anos, ele indica que outros fatores se tornaram ainda mais relevantes: obter vantagens financeiras e mobilizar a equipe para bater metas sustentáveis.
Em 2020, a companhia lançou duas emissões de títulos de dívida no valor total de US$ 1,25 bilhão, no modelo SLBs. Caso a meta de redução de emissão de gases de efeito estufa seja cumprida, haverá ganho de US$ 31,25 milhões; caso o resultado não seja batido, um ajuste de 0,25% na taxa de juros desta dívida, gerando uma penalidade de US$ 15,62 milhões, aplicada a partir de 2026.
A companhia tem sete operações com rótulo ESG, que somam US$ 6 bilhões. Além da redução das emissões de carbono, as outras metas escolhidas nas demais operações SLB foram a redução do consumo de água nas operações industriais e o aumento do número de mulheres em cargos de liderança.