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Empresários lançam manifesto em combate às mudanças climáticas

O “Pacto Econômico com a Natureza” busca estabelecer fóruns para elaborar propostas que reduzam os impactos climáticos, engajando o poder público, a sociedade e o setor privado

Com o aumento do impacto das mudanças climáticas no Brasil e no mundo, um grupo de empresários lançou um manifesto convocando o poder público, a sociedade e o setor privado a se unirem em uma mobilização para enfrentar esses desafios. Intitulado “Pacto Econômico com a Natureza”, o manifesto propõe a criação de fóruns permanentes para desenvolver propostas concretas com a intenção de mitigar o impacto socioeconômico dos eventos climáticos extremos.

Walter Schalka, membro do Conselho de Administração da Suzano, destacou que as mudanças climáticas estão provocando desequilíbrios globais e que os riscos econômicos associados a elas têm sido subestimados. “Acho que é fundamental reconhecermos que nós temos um processo de mudanças climáticas extremas no mundo, não apenas no Brasil, com efeitos que vão provocando desequilíbrios em todas as regiões do planeta. A questão é que nós temos subdimensionado os riscos que esse cenário pode causar, inclusive econômicos, para os países”, afirmou.

Fabio Barbosa, CEO da Natura, ressaltou a importância de unir o poder público, a sociedade civil e a iniciativa privada para criar um programa de proteção dos biomas brasileiros e avançar na descarbonização. Barbosa também destacou a oportunidade que o Brasil terá ao sediar a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30) em 2025, em Belém, para apresentar alternativas para enfrentar as mudanças climáticas. “Nós temos uma oportunidade única de inserção geopolítica através da questão ambiental. E nós temos que usar nossa máxima potência”, disse Barbosa.

Os empresários acreditam que o Brasil pode assumir um papel de liderança na luta contra as mudanças climáticas, aproveitando sua influência ambiental. Até o momento, pelo menos 50 empresários assinaram o manifesto, e espera-se que outros se juntem à causa. O objetivo é construir soluções colaborativas, já que não há respostas prontas para esses desafios.

Barbosa também enfatizou que o governo e a iniciativa privada precisam trabalhar juntos, pois o Brasil, como potência ambiental, pode fazer uma diferença relevante na luta contra o desmatamento e na absorção de carbono. “O governo, sozinho, não vai resolver isso. A iniciativa privada também não. E o Brasil tem um papel importante nesse tema. Somos uma potência ambiental. O controle do desmatamento nos vários biomas, a absorção do carbono. São coisas que fazem a diferença em termos de impacto global”, observou.

Schalka destacou que 97% do desmatamento no Brasil é ilegal, sublinhando que a questão não é a falta de legislação, mas a efetiva aplicação das leis. “Nós precisamos nos interessar mais por essa questão e endereçar a questão fundiária brasileira, porque senão a gente fica sempre no diagnóstico e não sai do lugar. Nós não podemos ser espectadores desse processo, nós temos que ser protagonistas”, afirmou.

Barbosa, por sua vez, ressaltou que o Brasil possui uma matriz energética limpa, o que é fundamental para o crédito de carbono. Ele destacou a importância da restauração de áreas degradadas e observou que os recentes eventos climáticos, como as queimadas no Pantanal e em São Paulo e a catástrofe no Sul, tornaram as mudanças climáticas uma realidade mais próxima da população. “Temos a melhor matriz energética do mundo. Tem muita coisa boa no Brasil, é preciso alavancar isso. Na energia renovável, se nós continuarmos ampliando, podemos exportar hidrogênio verde. Há muito potencial”, afirmou.

Ele finalizou: “O problema não é simples, é complexo, mas com esforço e qualidade da sociedade civil, dos cientistas brasileiros, do poder público e da iniciativa privada, temos certeza de que vamos trazer as melhores soluções para a sociedade e implementá-las”.

Fonte
O Globo
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