Empresas brasileiras perdem lucro em operações financeiras na Argentina
Segundo Marcelo Bacci, diretor-executivo de Finanças, Relações com Investidores e Jurídico da Suzano e presidente do Ibef-SP, as companhias conseguem vender seus produtos, mas parte do lucro fica retido
De acordo com Marcelo Bacci, diretor-executivo de Finanças, Relações com Investidores e Jurídico da Suzano e presidente do Conselho Administrativo do Instituto de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP), as empresas brasileiras estão tendo dificuldades com suas operações na Argentina.
Segundo o executivo e outros CFOs de algumas das maiores companhias do país, existe uma dificuldade crescente para repatriar os lucros das operações no país vizinho de volta ao Brasil. Em entrevista ao Brazil Journal, Bacci aponta que as empresas conseguem vender seus produtos a bons preços na Argentina, em razão da escassez de produtos no mercado local, mas parte do lucro fica retido, porque a remessa depende de autorização do governo.
“Não conseguimos retornar com o resultado para a matriz para remunerar o investimento. É um resultado bom que não se transforma em realidade”, explicou Marcelo.
O movimento acontece em razão da queda nas reservas internacionais argentinas e, por isso, o país vem controlando a saída de recursos. Para algumas empresas, a alternativa é recorrer ao dólar blue, no mercado paralelo – expediente legal, mas com cotação menor –, o que reduz o lucro em cerca de 50%.
A outra alternativa seria manter esses resultados na Argentina, contudo, conforme Bacci, é difícil encontrar títulos que protejam os ativos contra a desvalorização cambial e a inflação. Além disso, a proposta ventilada de fazer as transações nas moedas locais poderia ajustar, mas há dúvidas se ela funcionaria na prática. “Se a Argentina não tem recursos para comprar dólares, não terá também para comprar reais”, afirmou o diretor.