Ence acelera transformação para celuloses especiais em meio à queda dos preços globais
Margem maior impulsiona crescimento de 30% nas vendas deste segmento; empresa mantém avanços em energia renovável e projeta recuperação do mercado
A Ence, produtora espanhola de celulose, apresentou os resultados dos primeiros nove meses do ano, marcados pela desvalorização do dólar frente ao euro e pela queda do preço global da celulose, que atingiu mínimos de 1.000 dólares por tonelada na segunda quinzena de agosto de 2025.
No terceiro trimestre, a companhia reduziu em 30% seus custos operacionais no segmento de Celulose, enquanto acelera sua estratégia de transformação para celuloses especiais, segmento em que já se destaca pelo menor custo unitário em relação a produtores de fibras longas e pela maior receita por tonelada frente às fibras curtas.
As vendas de celuloses especiais cresceram 30% em volume até setembro e apresentam margem por tonelada 33 euros superior à celulose padrão. A expectativa da empresa é que esse tipo de produto represente 62% das vendas até 2028, incluindo a nova linha de celulose fluff, de 125 mil toneladas, já em fase de homologação. Com essa operação, a Ence tornou-se a única produtora europeia de celulose de fibra curta destinada a produtos higiênicos absorventes, garantindo vantagem competitiva em custo e pegada de carbono.
Paralelamente, a empresa avança na expansão de seu portfólio de energia renovável baseada em biomassa. No terceiro trimestre, foram iniciadas as obras de dois projetos que devem produzir cerca de 85 GWh/ano, além da assinatura de um novo contrato para operação e manutenção de uma unidade com 35 GWh/ano. Na área de biometano, a Ence já conta com 18 usinas em licenciamento e outras 20 em fase de estudos conclusivos, enquanto desenvolve projetos de combustíveis renováveis.
RECUPERAÇÃO DO MERCADO
A empresa projeta melhora nos preços globais de celulose após o fundo do poço em agosto. A recuperação já aparece nos valores de referência, com ganhos de US$ 60/t na Europa. Contribuem para essa tendência o fim das tarifas sobre a celulose nos EUA, anunciado em setembro, e paradas de manutenção previstas por grandes produtores latino-americanos no último trimestre do ano, cerca de 0,5 milhão de toneladas fora do mercado.
RESULTADOS FINANCEIROS
Até setembro, o volume de vendas de celulose somou 732.406 toneladas, queda de 1,4% na comparação anual. No entanto, o terceiro trimestre registrou avanço de 13% sobre o mesmo período de 2024 e 8% ante o trimestre anterior, refletindo a recuperação comercial com a redução das tensões tarifárias.
A companhia reduziu seu custo médio para € 459/t, uma queda de € 29/t no trimestre, e lançou um Plano de Eficiência e Competitividade para 2025–2027, com potencial de economia anual de € 22/t e investimento de € 23 milhões, estimado para gerar um VPL de cerca de € 200 milhões.
No segmento de energias renováveis, o EBITDA acumulado ficou em € 18 milhões, contra € 21 milhões no mesmo período de 2024, impacto das paradas para manutenção. Mesmo assim, houve recuperação no terceiro trimestre, com € 8 milhões frente a € 4 milhões no trimestre anterior.
O fluxo de caixa livre foi positivo em € 12 milhões no trimestre, favorecido por entrada de € 18 milhões no capital de giro, incluindo o recebimento de Certificados de Economia de Energia.
Nos primeiros nove meses de 2025, o resultado líquido atribuível aos acionistas foi de -€ 22 milhões, após lucro de € 41 milhões no ano anterior. A dívida financeira líquida encerrou setembro em € 367 milhões, dos quais € 264 milhões em caixa — € 256 milhões vinculados ao negócio de Celulose e € 111 milhões ao de Energias Renováveis.










