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Entre raízes e horizontes: aprendizados de um tempo vivido intensamente

Por Celso Tacla, vice-presidente executivo da Valmet América Latina e membro do comitê executivo global da Valmet

Há momentos em que a vida desacelera e nos permite enxergar com mais nitidez o que realmente importa. Em poucos meses, vivi experiências que se entrelaçaram de forma especial – a visita dos meus pais à Valmet, uma viagem inesquecível pela Espanha e por Marselha, e conversas sobre autoconhecimento, longevidade e finitude.

Todas me ensinaram que o tempo é o bem mais precioso que temos — e que vivê-lo com presença é o verdadeiro segredo da plenitude.

AS RAÍZES QUE NOS SUSTENTAM

Receber meus pais na Valmet, em setembro, foi um daqueles momentos que marcam a alma. Ver o brilho nos olhos deles ao conhecerem de perto a empresa e as pessoas com quem compartilho meus dias e sonhos trouxe-me uma sensação profunda de gratidão e continuidade.

Ali, percebi que o legado de uma vida vai muito além das conquistas materiais: ele está na formação, nos valores e no amor transmitido de geração em geração.

Pouco tempo depois, embarcamos juntos para uma viagem pela Espanha. Essa convivência de dias inteiros trouxe algo ainda mais profundo: a certeza de que o tempo vivido ao lado de quem amamos é insubstituível.

HORIZONTES QUE SE ABREM

Cheguei com minha esposa a Madrid à noite e, logo na manhã seguinte, seguimos para Alicante – cidade banhada pela luz do Mediterrâneo e guardada pelo Castelo de Santa Bárbara, no alto do monte Benacantil. A esplanada, com seu calçadão ondulado e colorido, parece traduzir o movimento da vida: curvas, avanços, cores.

De lá, partimos para Valência, um lugar de contrastes, com um encantador centro histórico e impressionantes edifícios futuristas projetados por Santiago Calatrava na Cidade das Artes e das Ciências. Além da efervescência cultural de suas ruas, Valência combina a beleza de suas praias mediterrâneas com seu prato mais emblemático: a paella.

Em Girona, o ponto alto: o reencontro com minhas filhas, genros, meus pais e tantos outros parentes e amigos – todos reunidos para um casamento em Perelada. Poucas vezes vi tanta alegria compartilhada em um mesmo espaço. Foi um daqueles momentos que se guardam não apenas na memória, mas no coração.

ENTRE O TEMPO E A PRESENÇA

Seguimos para Marselha, cidade belíssima e a mais antiga da França, que traz em seus contrastes a marca das águas azul-turquesa do Mediterrâneo. Juntos, visitamos os calanques, a Basílica de Notre-Dame de la Garde e passeamos pelo Vieux-Port, o coração pulsante da cidade. O ponto marcante dessa passagem foi um almoço em família na casa de minha filha. Culturas diferentes, sotaques diversos, mas a mesma sensação de pertencimento e de amor compartilhado.

De lá, eu e minha esposa partimos para Zaragoza, cidade fundada pelo imperador César Augusto às margens do rio Ebro. A capital da região de Aragão nos surpreendeu com a magnífica Basílica de Nossa Sra. do Pilar, a Catedral de La Seo e o belíssimo Palácio da Aljafería. Tivemos a sorte de estar ali nos dias da festa de Nossa Sra. do Pilar, padroeira da Espanha e da cidade, celebrada em 12 de outubro, data que também marca o Dia da Hispanidade.

Apreciadores de vinhos e vinhedos, seguimos pelo reino da uva Garnacha, autóctone da região de Aragão, visitando Calatayud que abriga em seu centro histórico um dos melhores conjuntos de arquitetura mudéjar da região, com destaque para a Colegiata de Santa Maria. Lá, visitamos o Castelo de Ayud (Qal’at Ayyud), que deu origem ao nome da cidade.

Assim se deu nossa viagem: descobrindo lugares maravilhosos, degustando vinhos e comidas saborosas, vivendo dias leves e agradáveis e, sobretudo, celebrando o encontro com a família. Nessas cidades antigas, entre castelos e catedrais, a consciência da nossa própria finitude é inevitável.

Tudo o que somos é parte de uma história maior. E talvez a verdadeira sabedoria esteja em aprender a caminhar com leveza por esse breve intervalo que nos é dado.

LONGEVIDADE E AUTOCONHECIMENTO

Em um encontro recente, logo após meu retorno, comentei com um colega do setor sobre essa viagem e sobre o tema da longevidade. Falávamos não sobre viver mais, mas sobre viver melhor. Concluímos que a longevidade que realmente importa não se mede em anos, mas em intensidade, em vínculos, em afeto, em propósito.

E o autoconhecimento nasce exatamente da capacidade de olhar para dentro, reconhecer nossos limites e valorizar os momentos simples: uma taça de vinho, um pôr do sol, um instante especial, um abraço sincero.

ENTRE RAÍZES E HORIZONTES

Essa viagem, no fundo, foi um espelho. Mostrou-me que respeitar as raízes é o que nos dá equilíbrio; buscar novos horizontes é o que nos mantém vivos; e viver cada dia com atenção é o que nos torna inteiros.

O tempo é finito, mas o amor é infinito.

Viver é agradecer, aprender e recomeçar – sempre.

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