Greve na Finlândia e incêndio no Chile adiam correção de preços da celulose
No entanto, a desvalorização da fibra é inevitável, por conta das novas fábricas entrando em operação na América do Sul
No fim de 2022, os preços da celulose iniciaram uma trajetória de correção, embora tenham encontrado suportes importantes, mesmo que momentâneos, no início deste ano. Um incêndio florestal sem precedentes no Chile e greves em portos e no transporte rodoviário na Finlândia podem sustentar os preços da commodity por mais tempo, em razão de um desequilíbrio entre oferta e demanda global. No entanto, a desvalorização da fibra é inevitável, por conta das novas fábricas entrando em operação na América do Sul.
Desde o começo do ano, o preço líquido da fibra curta caiu US$ 72 no mercado chinês, ou cerca de 9%, para US$ 755 por tonelada. Já a fibra longa transitou por terreno negativo desde o início do ano e, agora, exibe alta de quase 2%, ou US$ 15,30, para US$ 900 por tonelada na China.
“As condições atuais no mercado de fibra longa alarmaram os chineses, uma vez que as greves na Finlândia, os incêndios no Chile e a escassez de madeira no Canadá desenham um cenário de oferta limitada [desse tipo de celulose]”, apontaram analistas do Citi, em relatório.
A fibra curta, por sua vez, deve ser afetada indiretamente pelos incêndios no Chile, pois, apesar de não ter afetado diretamente as operações, causaram impactos relevantes nos custos e logística para as gigantes CMPC e Arauco. Além disso, com o aumento do spread entre os tipos de fibra, costuma ocorrer uma migração para a matéria-prima mais barata.
Segundo a Fastmarkets RISI, as greves na Finlândia devem se estender até março, atingindo o mercado de fibra longa durante o período, além de ser somada aos problemas de acesso à commodity no mercado europeu por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia e à escassez de cavaco de madeira no Hemisfério Norte.
Em 2022, os preços da celulose tiveram reajustes sucessivos, com estabilidade próxima de níveis históricos, impactados por paradas em diferentes regiões do globo, greves e problemas na cadeia logística, que levaram a uma redução da oferta global e deixaram os estoques – tanto da indústria quanto dos consumidores – em níveis críticos.
Nesse contexto, os volumes estocados ainda não foram normalizados — na China, compradores continuam aguardando a esperada “erosão” de preços para voltar ao mercado e seguem rodando com estoques limitados.
Para normalizar esse cenário, consumidores aguardam os volumes do Projeto MAPA, da Arauco, no Chile – que já está operando –, e da nova fábrica da UPM, no Uruguai. Ambas devem pressionar a queda dos preços ainda no primeiro semestre. O MAPA adiciona 1,3 milhão de toneladas anuais de fibra curta ao mercado, enquanto a unidade Paso de Los Toros da UPM traz mais 2,1 milhões de toneladas de fibra curta por ano.
É preciso considerar que esses volumes não chegam de uma vez ao mercado, já que as linhas de produção precisam cumprir curvas de aprendizagem que tomam meses.