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Klabin discute alocação de capital e distribuição de dividendos

Segundo Cristiano Teixeira, diretor-geral da companhia, esse debate acontece constantemente na diretoria e no conselho de administração de forma construtiva

A Klabin está vivendo um dilema entre aproveitar as oportunidades de M&A (Mergers & Acquisitions) no Brasil e no mundo – em meio ao atual cenário do mercado, com baixos preções na indústria de celulose e papel – ou cumprir com o pagamento de proventos e endividamento financeiro, e adiar uma nova rodada de crescimento.

O conselho de administração da companhia, decidiu, na última  semana, pelo pagamento de R$ 269 milhões em dividendos extraordinários aos acionistas, a aprovação do montante, no entanto, não foi unânime.

Segundo ata da reunião, dos 14 membros do colegiado, três deles – independentes – não votaram a favor da proposta de distribuição de 20% do Ebitda ajustado do segundo trimestre, no valor de R$ 1,34 bilhão.

A diretoria e o conselho de administração da Klabin estão revisitando as políticas de endividamento e proventos aprovadas em 2020. Atualmente,  a empresa deve manter a relação entre dívida líquida e Ebitda – em dólares – entre 2,5 vezes e 3,5 vezes, podendo atingir a 4,5 vezes durante os ciclos de investimento em crescimento.

Em relação a dividendos e juros sobre o capital próprio, a administração da companhia deve buscar atingir entre 15% e 25% do Ebitda ajustado, com possíveis exceções.

“É natural revisitar essas políticas. Estamos no processo de atualização de estudos e conversas na diretoria e com o conselho de administração, mas isso não significa que mudaremos”, disse Marcos Ivo, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Klabin, em entrevista ao Valor Econômico.

Foto: Claudio Belli/Valor

Além disso, as discussões internas da companhia também ocorrem em um período considerado oportuno para empresas geradoras de caixa, com endividamento controlado, pois há ativos industriais e florestais à venda em vários países, incluindo o Brasil, com preços atrativos.

Segundo a Klabin, ela mesmo foi sondada por uma multinacional do setor, com vistas a um potencial M&A, que poderia resultar na internacionalização de suas operações. E, segundo uma fonte do mercado financeiro, parte dos acionistas controladores pode estar interessada em potenciais conversas. “A Klabin é um ativo muito valioso, único. É natural que empresas tenham interesse em conversar com a companhia. Mas não há nada de concreto em andamento”, declarou Ivo, ao ser questionado sobre o assunto.

Durante a teleconferência com analistas realizada para comentar os resultados da Klabin no trimestre, Cristiano Teixeira, diretor-geral da companhia reconheceu que o ciclo de baixa atual dos preços das commodities leva a uma nova precificação dos ativos e, nesse ambiente, novas oportunidades podem surgir no mercado.

No entanto, o executivo afirmou que ainda não há planos de expansão de capacidade mais robustos ou de eventual M&A. “Não há nenhuma previsão de estudo de projeto de crescimento neste momento. O foco absoluto é entregar bem a MP 28 e fazer daquele site [Puma, em Ortigueira] uma referência mundial”, disse.

Ivo ainda acrescentou que a empresa também está se preparando para até “18 meses de mercado difícil” com iniciativas de melhoria de custos e produtividade.

Para o executivo, a Klabin aproveitou praticamente todas as oportunidades que surgiram nos ciclos passados e, um momento como o atual, em que há mudança no preço dos ativos, poderia trazê-las novamente.

Durante a pandemia de Covid-19, a companhia fechou a compra dos negócios de embalagens de papelão da International Paper (IP) no Brasil por R$ 330 milhões, paralelo aos investimentos que já estavam sendo realizados no Projeto Puma II.

Atualmente, a Klabin está prestes a concluir os investimentos de R$ 12,9 bilhões no projeto – o maior desembolso de sua história – o valor remanescente é de R$ 900 milhões. Em junho, a relação entre dívida líquida e Ebitda em 12 meses, em dólares, estava em 2,8 vezes, com conformidade com o estabelecido em sua política.

De acordo com Teixeira, a empresa tem realizado importantes discussões sobre critérios de alocação de capital e distribuição de dividendos. “Esse debate acontece constantemente na diretoria e no conselho. Até aqui, essa discussão tem sido muito construtiva”, disse. “Não há nenhum M&A sendo explorado hoje, mas, como há essa reprecificação dos ativos em geral, isso pode eventualmente aparecer na nossa frente como oportunidade”, acrescentou.

Ainda segundo o diretor-geral, as condições de mercado foram desafiadoras para o setor de papel e celulose no segundo trimestre e permanecerão assim no terceiro trimestre. “Mesmo sabendo que o terceiro trimestre é sazonalmente melhor, ainda temos a percepção de que será desafiador, dado o contexto de mercado”, concluiu.

Fonte
Valor Econômico
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