Liderança e segurança psicológica: construindo ambientes de confiança e crescimento
Por Celso Tacla, presidente da Valmet South America e membro do comitê executivo global da Valmet

Neste artigo, escrevo sobre um tema muito atual e transformacional: a importância da segurança psicológica nos ambientes de trabalho. Não é novidade que a liderança tem evoluído de modelos de comando e controle, formatados no modelo industrial, para abordagens que priorizam a segurança psicológica, essencial para que as pessoas se sintam à vontade para expressar ideias e assumir riscos sem medo de retaliação. Essa transformação é vital para o engajamento e a inovação dentro das organizações.
A inclusão desempenha um papel central na promoção dessa segurança. Ambientes inclusivos garantem que todos os indivíduos se sintam valorizados e respeitados, independentemente de suas diferenças. Quando percebemos que podemos ser autênticos e vulneráveis sem temor de julgamento, a confiança mútua se fortalece, incentivando a colaboração e a criatividade.
As culturas organizacionais que veem os erros e equívocos como oportunidades de crescimento permitem que as equipes experimentem e inovem continuamente. No entanto simplesmente errar não tem valor, ou pior, é algo negativo. O essencial é transformar falhas em aprendizagem e, assim, em alicerces para a melhoria contínua, promovendo um ambiente de respeito e desenvolvimento. É aí que entra a segurança psicológica; sem isso, os erros podem ser escondidos embaixo do tapete.
Um estudo conduzido pelo Google como parte do Projeto Aristóteles demonstrou que as empresas mais bem sucedidas são aquelas que – surpresa! – erram mais e não as que erram menos. Essa pesquisa analisou o desempenho das equipes dentro da empresa e concluiu que o fator mais importante para a alta performance não era a experiência ou a inteligência individual dos membros, mas sim a segurança psicológica.
Também são bastante relevantes o conceito de “Fail Fast, Learn Fast”, muito difundido no Vale do Silício, e as pesquisas da professora Amy Edmondson, de Harvard, que cunhou o termo “segurança psicológica” e demonstrou que os times de melhor desempenho não são os que erram menos, mas os que admitem erros mais rapidamente e os transformam em aprendizado.
Avançar na liderança de pessoas requer a criação de espaços onde a exploração, o erro e o aprendizado sejam encorajados. Organizações que priorizam a segurança psicológica cultivam ambientes propícios à inovação e ao engajamento, onde os indivíduos se sentem motivados a contribuir plenamente. Líderes eficazes reconhecem que a perfeição não é o objetivo, mas sim o crescimento coletivo através da confiança e do apoio mútuo.
É aqui que entra o “tone of the top”. E quais são algumas das ações práticas para criar estes ambientes? Cito algumas aqui: reconhecer conquistas e discutir o que e em que podemos melhorar de maneira positiva e construtiva. Isto pode ser feito com feedback específico, focado no crescimento; e também de forma coletiva em reuniões de lideranças ou em townhalls. Além disso, é importante oferecer suporte, disponibilizando recursos para ajudar os funcionários a desenvolverem habilidades e superar desafios.