Mercado de celulose deve ter quarto trimestre positivo, dizem executivos da Suzano e Klabin
Por outro lado, o cenário de médio e longo prazo global ainda apresenta incertezas macroeconômicas com a crise energética na Europa
Apesar do mercado de celulose ter apresentado certa instabilidade no cenário mundial durante o ano, como o aumento do custo de energia, gargalos logísticos, e problemas decorrentes da guerra entre Rússia e Ucrânia, produtores de celulose brasileiros apontam um momento favorável no curto prazo.
“Mesmo numa situação desafiadora de mercado, aumento dramático do custo energético na Europa e cenário inflacionário global com aumento das taxas de juros, tivemos recorde de Ebitda”, comentou Cristiano Teixeira, diretor-geral da Klabin.
Segundo Alexandre Nicoline, diretor de negócios de celulose da Klabin, no cenário de curto prazo o preço da celulose se mantém, dado o contexto de estabilidade e a demanda dos contratos regulares. O executivo aponta, ainda, que “um pouco da percepção de arrefecimento de demanda por parte de alguns está muito vinculado à melhoria do cenário de logística”.
Contudo, conforme Nicoline, os problemas logísticos ainda não foram totalmente resolvidos, principalmente no modal de containers. Nesse sentido, o diretor afirma que houve um “enxugamento” do mercado spot e que gerou “perda de euforia” com as vendas de celulose.
“Mas reforço que as vendas em contratos regulares permaneceram nos mesmos níveis do terceiro trimestre. Essa é a nossa visão também para o quarto trimestre”, acrescentou Alexandre.
Já para Leonardo Grimaldi, diretor-executivo comercial de celulose da Suzano a demanda continua sólida, enquanto a companhia permanece atendendo somente pedidos de clientes no mercado futuro, sem atender o mercado spot. Nesse contexto, a empresa pretende manter os preços da celulose no mínimo até novembro.
De acordo com Grimaldi, os níveis de estoques de celulose nos portos europeus tiveram redução de 6% a 7% em setembro comparado a agosto – o que também ocorreu na China –, indicando que há demanda. No entanto, a companhia indica que os estoques globais seguem abaixo dos níveis ideais. Para Leonardo, o quatro trimestre também deve seguir favorável ao mercado de celulose.
MERCADO DE CELULOSE EM 2023
Por outro lado, o cenário de médio e longo prazo global ainda apresenta incertezas macroeconômicas com a crise energética na Europa. Segundo Nicoline, “fica difícil precisar como o preço (da celulose) vai se comportar ano que vem”.
O executivo comentou que também é “difícil estimar” as novas capacidades a serem colocadas no mercado no próximo ano. A Klabin estima cerca de 1, milhão de toneladas adicionais, com o aumento de capacidade de produção.
A Suzano também tem dúvidas sobre o desempenho do mercado de celulose em 2023. “Reconhecemos (novos) projetos de celulose em 2023, mas há muita incerteza de oferta e procura. Do lado da oferta, pode haver atrasos nessas novas unidades”, disse Leonardo Grimaldi.
“Além disso, se acrescenta risco de paradas inesperadas como vimos esse ano. Isso dificulta ainda mais uma avaliação quanto ao timing que esse volume (de celulose) vai ter impacto”, concluiu o executivo.