Nova fábrica da Arauco aquece mercado imobiliário e sobe preços em Inocência (MS)
O crescimento acelerado da empresa chilena atrai investidores e cria oportunidades na cidade

A construção da fábrica de celulose da Arauco em Inocência (MS) provocou uma valorização no mercado imobiliário local. O aluguel de uma quitinete na cidade já atinge R$ 3.500, um aumento expressivo em comparação a Ribas do Rio Pardo (MS), que viveu fenômeno semelhante em 2021, quando os preços de imóveis similares giravam em torno de R$ 600. Na capital, Campo Grande (MS), imóveis do mesmo porte são alugados por cerca de R$ 1.000.
O impacto do crescimento afeta diretamente os moradores, que, sem condições de arcar com os novos preços, estão se deslocando para cidades vizinhas, como Paranaíba e Três Lagoas (MS). “Quando a gente veio morar aqui, em 2019, o preço do terreno era R$ 45 mil e parcelado. Hoje, o preço médio é de R$ 200 mil, isso nos bairros. Se você vem para o Centro, vai de R$ 250 mil a R$ 450 mil. É brutal a diferença”, relata Rejane Rocha Canevari, corretora da AC Imóveis.
A valorização atrai investidores de Santa Catarina e São Paulo, interessados em adquirir terrenos e imóveis para especulação. “São clientes que vêm para fazer investimentos em três, quatro áreas. Uns querem comprar e esperar. Eu aconselho a não esperar porque o ‘boom’ é agora”, afirma Canevari. A maior demanda no momento é por moradias para trabalhadores que desejam sair dos alojamentos ou trazer suas famílias para a cidade. No entanto, praticamente todos os imóveis disponíveis estão sendo alugados por empresas.

Antes da chegada da Arauco, o aluguel de uma casa na cidade girava em torno de R$ 1.200. Apesar da escalada de preços, a expectativa é de que o crescimento se mantenha sustentável após a ativação da fábrica, prevista para o fim de 2027.
A valorização extrema também estimula a retenção de terrenos à espera de preços ainda mais altos, com alguns sendo anunciados por até R$ 900 mil. Para muitos, a solução tem sido deixar suas casas na área urbana para alugá-las e se mudar para propriedades rurais.
Mesmo com os custos elevados, trabalhadores continuam chegando à cidade em busca de oportunidades. Leandro Macedo, pedreiro de 38 anos e natural de São Paulo (SP), afirma que há trabalho de sobra, mas a falta de mão de obra é um desafio. Com renda mensal de R$ 6 mil, ele enfrenta dificuldades para equilibrar as despesas, já que aluguel e alimentação consomem boa parte do orçamento. “Está faltando é mão de obra, serviço tem bastante. Mas é complicado achar gente para trabalhar”, comenta.
Atualmente, a população de Inocência (MS) saltou de 8.400 para cerca de 13 mil habitantes e pode chegar a 32 mil nos próximos anos. Para conter os impactos do crescimento, a Arauco anunciou a construção de unidades habitacionais para seus funcionários. Enquanto isso, a construção está na etapa de terraplanagem na MS-377, a 50 km da área urbana.