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Novo ciclo de investimentos em celulose depende de ampliação da base florestal, diz consultoria

Em relatório divulgado recentemente, a empresa finlandesa reforça que o problema da escassez de madeira deve refrear os novos projetos do setor no país

O Brasil representa um dos mercados mais importantes para o setor de celulose no mundo, o que tem motivado os produtores a investirem em expansões e novos projetos. Com isso, o mercado de madeira e áreas para plantio vêm sofrendo com a escassez e alta de preços – o que dificulta as previsões de início das operações dos projetos anunciadas até o momento.

As unidades fabris que começaram a operar nos últimos dois anos, assim como os projetos já em construção, imediatamente absorveram a quantidade de insumo disponível, impulsionandoos preços. Considerando que as novas fábricas ainda não contam com o plantio de eucalipto ou contratos de suprimento de madeira em volume suficiente, o entendimento é de que elas não devem entrar em operação antes de 2028.

Além disso, no início do mês, executivos do setor que participaram da conferência latino-americana da Fastmarkets RISI, em São Paulo, indicaram que o cenário deve frear novos anúncios durante os próximos anos.

Uma companhia finlandesa que atua no setor de papel e celulose divulgou recentemente um relatório que reforça essa avaliação. Segundo a consultoria, “considerando-se as capacidades que entraram recentemente em operação ou que se encontram em construção, o Brasil continuará a ser protagonista no mercado global de celulose de fibra curta”.

No entanto, “projetos que não possuam base florestal disponível, ou contratos firmes de fornecimento de madeira, devem começar imediatamente a constituir tal base para início da produção a partir de 2028”, partindo do ciclo de seis a sete anos para corte do eucalipto.

A produção brasileira de celulose alcançou cerca de 22,5 milhões de toneladas no ano passado, segundo os dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá). Para a consultoria, a capacidade instalada no país deve superar 30 milhões de toneladas anuais até 2030, considerando os projetos em desenvolvimento ou que entraram em operação recentemente. A companhia aponta, ainda, que todo o volume adicional deve ser de fibra curta, obtida a partir do eucalipto.

No entanto, o mercado de madeira de eucalipto tem mudado com o uso desse insumo para a produção de carvão vegetal, usado pelas siderúrgicas, ou utilização de biomassa para a geração de calor. Hoje, cerca de 60% da demanda desse tipo de árvore está relacionada a essas atividades.

“Essa crescente demanda por madeira industrial vem acompanhada do aumento dos custos de colheita e transporte, o que tem contribuído, de forma expressiva, para um maior custo da madeira nas diversas regiões do país”, ressalta a consultoria.

Analisando a disponibilidade do insumo em regiões produtoras, a consultoria concluiu que é necessário ampliar expressivamente a base florestal plantada para comportar um novo ciclo de investimentos em celulose, estimando que seja necessário plantar de 800 mil a 1 milhão de hectares. Novos projetos, com capacidade de 2,5 milhões de toneladas por ano, vão requerer, portanto, plantio adicional de cerca de 300 mil hectares cada.

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