“Os executivos precisam olhar para fora da cerca das suas empresas”, diz Walter Schalka
O ex-CEO da Suzano fez um wake up call aos executivos e empresários brasileiros, ressaltando sua visão pessoal sobre o tema
Após 11 anos à frente da Suzano, Walter Schalka deixou a presidência da companhia em 1º de julho e foi sucedido por João Alberto Abreu, mais conhecido como Beto Abreu. Com a mudança, o ex-CEO passou a ocupar uma posição no Conselho de Administração da companhia.
Em meio às despedidas e a transição do cargo, Schalka fez um wake up call para executivos e empresários brasileiros, reforçando que essa era sua visão pessoal sobre o tema. “Os executivos precisam olhar para fora da cerca das suas empresas. Há uma certa omissão de boa parte da sociedade e isso ajuda a explicar o status de baixo crescimento econômico do país”, afirmou o ex-CEO da Suzano.
De acordo com Schalka, os executivos precisam se expor e defender reformas e mudanças estruturais no país, mesmo que isso acabe gerando acusações de ação em favor de um ou outro lado político.
Ainda segundo o executivo, a classe empresarial, costuma achar que sua responsabilidade está restrita às questões internas como: fazer a empresa ser melhor, ganhar eficiência na operação, gerar dividendos e emprego. “Isso é responsabilidade, sim, mas não é a única. É preciso olhar para fora da cerca e fazer as transformações”, explicou.
NOVO CICLO
Ao longo de sua trajetória, Schalka foi CEO por 33 anos – antes da Suzano, ocupou a mesma posição na Votorantim Cimentos. O executivo assumiu a presidência da Suzano em 2013 e, desde então, o valor de mercado da produtora de celulose foi de US$ 3,82 bilhões para US$ 13,1 bilhões.
O crescimento da companhia se deve – em partes – a negociações como a compra do negócio de tissue da Kimberly-Clark no Brasil, concluída em 2023, e a inauguração da fábrica da Woodspin, joint venture entre a Suzano e a finlandesa Spinnova, na Finlândia. Recentemente, a Suzano adquiriu uma participação de 15% da Lenzing, uma empresa austríaca especializada em celulose solúvel e tecidos, acionista da Spinnova.
Até o final de julho, a Suzano fará o start-up do Projeto Cerrado, nova fábrica de celulose da companhia em Ribas do Rio Pardo (MS), que recebeu investimentos que totalizam R$ 22,2 bilhões e produzirá 2,55 milhões de toneladas ao ano, ampliando a capacidade instalada de celulose de mercado da Suzano para 13,5 milhões de toneladas anuais..
Diante disso tudo, para Schalka, estava claro que a Suzano passaria por um novo início de ciclo de investimento. “Quando se inicia um novo ciclo, é importante que alguém que tenha o horizonte inteiro desse ciclo esteja liderando esse processo”, destacou.
Ex-CEO da companhia, Schalka afirma que permanecerá na Suzano como membro do Conselho de Administração e de Comitês, além do Conselho da Vibra e seguirá participando de projetos voltados para a educação. “O que me move é ser um agente transformador”, finaliza o executivo.