Preço da celulose deve permanecer estável no primeiro trimestre de 2023
Analistas e investidores começam o ano com cautela, aguardando a chegada de novos volumes no segundo semestre
Em dezembro, os preços da celulose de fibra curta iniciaram a correção esperada para meses antes, embora não devam registrar quedas abruptas ou acentuadas no primeiro trimestre deste ano. A Suzano, maior produtora deste tipo de celulose no mundo, já havia confirmado uma redução de preços nesse último mês.
Tendo em vista que as novas capacidades em operações chegam ao mercado com volumes mais significativos apenas no segundo semestre, além da possível retomada de crescimento econômico da China, espera-se que a commodity se estabilize nos níveis atuais ou ligeiramente inferiores por certo tempo.
Em 2022, os preços da matéria-prima experimentaram reajustes sucessivos, seguidos de uma estabilidade perto de níveis históricos. Em julho, quando os valores atingiram o pico, a tonelada da fibra curta chegou a US$ 910 na China, enquanto na Europa o preço de referência chegou a cerca de US$ 1,4 mil e, na América do Norte, a mais de US$ 1,6 mil.
Contudo, em dezembro, segundo a Fastmarkets Foex, o preço líquido da fibra curta na China estava em US$ 856,08 a tonelada, ainda sem refletir o corte de US$ 40 por tonelada anunciado pela Suzano. Por quase cinco meses, os preços da fibra curta na China se sustentaram em US$ 860 por tonelada.
Com a disponibilidade de celulose reduzida em razão de paradas inesperadas em produtores ao redor do globo, greves e problemas na cadeia logística, os estoques globais chegaram a níveis críticos, e ainda não foram completamente normalizados, principalmente na China. Além disso, o setor também enfrentou uma inflação global e custos mais elevados de madeira – ou escassez, como visto na Europa, após embargos à Rússia pela invasão à Ucrânia – corroborando o aumento dos preços em razão dos altos custos.
Já para 2023, ao menos duas novas capacidades importantes devem entrar em operação no mercado – a unidade de Paso de Los Toros da UPM, no Uruguai, e o Projeto Mapa da Arauco, no Chile. Com ambas as fábricas, 3,6 milhões de toneladas de celulose de fibra curta serão gradualmente adicionadas ao mercado, que cresce ao ritmo de 1,5 milhão de toneladas anuais. Por essa razão, investidores e analistas iniciam o ciclo de 2023 e 2024 com cautela, aguardando a chegada desses volumes ao mercado.
Nesse sentido, este ano, há margem para que a queda de preços seja adiantada. Com a reabertura da China – após medidas contra surtos de Covid-19 no país – a demanda de papel e celulose pode ser estimulada.