Preços da celulose seguem se deteriorando no 2º trimestre do ano, diz executivo da Klabin

Recentemente, a Klabin, realizou uma teleconferência que reuniu executivos para falar sobre os resultados  da companhia no primeiro trimestre de 2023. De acordo com dados divulgados por empresas do setor, os preços de papel e celulose se deterioraram no decorrer dos primeiros três meses do ano e a espera pelos resultados do segundo trimestre segue sem grandes expectativas.

“O mercado vem se deteriorando desde o primeiro trimestre, com mais intensidade no segundo trimestre, principalmente na China, onde a gente sofreu queda mais abrupta de preço, dado o contexto de demanda mais reprimida, entrada de novas capacidades e toda a questão macroeconômica impactando aumento de custos de forma geral – com a pressão inflacionária”, relatou Alexandre Nicolini, diretor do Negócio de Celulose da Klabin.

De acordo com o executivo, do ponto de vista de demanda, o mercado permanecerá desafiador. “A Klabin tem menor exposição ao mercado da China, o que não significa que não vendemos para aquele mercado. Dado todo contexto já de contratação de volumes de produção do ano passado para esse ano, o foco nosso foi concentrar as vendas em mercados maduros na Europa, Estados Unidos e Brasil”, disse.

“A gente enxerga níveis de preço bastante deprimidos, abaixo do custo marginal de produção. Isso já levou alguns produtores integrados de papéis a interromper a produção de celulose e passaram a comprar alguns volumes do mercado”, complementou.

Ainda segundo Nicolini, embora os níveis de estoque de celulose dos principais produtores de papeis estejam baixos, eles ainda não realizaram o processo de reestocagem do produto, mas acredita que isso irá acontecer nos próximos meses.

FOCO NO SEGMENTO DE TISSUE

O executivo ainda avalia que o segmento de imprimir e escrever também segue enfrentando desafios. “A gente enxerga alguns produtores integrados colocando algum volume de celulose, concorrendo com produtores não integrados. Isso tem colocado uma pressão adicional do ponto de vista de preço. Porém, o lado cheio do copo é que o segmento de tissue continua a operar com taxa de ocupação bastante elevada. A gente tem concentração maior de vendas para esse segmento de tissue e isso tem ajudado a escoar nossas vendas”, explicou o diretor.

Segundo Cristiano Teixeira, CEO da Klabin, o volume de produção de celulose e papel da companhia, a exposição da empresa é pequena em celulose de fibra curta na China – produto que teve a maior queda de preço – onde uma parte do mercado global afirma que a produção para fornecimento não compensa devido ao custo.

“Diante de um cenário de mercado desafiador, com incertezas macroeconômicas e geopolíticas, que gerou perdas de rentabilidade nos mercados em função de queda de preço dos produtos e inflação de custos para os produtores de papel e celulose, a Klabin alcançou Ebtida de R$ 1,9 bilhão”, afirmou Teixeira.

INVESTIMENTOS

Em decorrência do panorama econômico atual, o executivo não prevê grandes investimentos estruturais. A alocação de capital nesse mercado incerto, “de taxa de juros alta e inflação pressionada”, para Teixeira, é algo preocupante. “Isso tudo tem provocado perda de renda no Brasil e no mundo. Tem gerado deterioração de preços e isso faz com que as empresas busquem a eficiência no limite de suas operações”, disse.

“Qualquer sinalização de alocação de capital para grandes investimentos transformacionais está prorrogada, neste momento. A Klabin não tem nenhuma visão a ser proposta para o Conselho de Administração de Investimentos neste momento”, complementou.

Para o próximo trimestre, Teixeira avalia: “Vemos um mercado desafiador e um cenário global de inflação com continuidade da deterioração de preço da celulose e kraftliner. Isso é minimizado pelo modelo de negócios integrados da Klabin na unidade de embalagens e na demanda do segmento de tissue”.