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Setor de Papel e Celulose: aquecimento deve se manter em 2025

Por Isis Borge, headhunter, Diretora Executiva na Talenses e Sócia do Talenses Group

Olá! Sou a nova colunista do Portal Celulose. Este é o meu primeiro artigo, e é uma honra ter sido convidada para estimular reflexões e compartilhar ideias e informações sobre um setor tão importante para a economia nacional e mundial. 

Deixo aqui meu sincero agradecimento ao Felipe Quintino, fundador do portal, pela oportunidade e pela confiança. Agradeço também à Bianca Machado, que tem me apoiado nesse momento de chegada. A proposta é que esse seja um espaço de trocas sobre carreira, processos seletivos, gestão e mercado de trabalho.  

Sou graduada em Engenharia Mecânica e, durante quase oito anos, trabalhei no setor automotivo, passando pelas áreas de qualidade, manufatura, planejamento e engenharia de produto das montadoras Ford e General Motors. No início de 2011, migrei para o setor de recrutamento de executivos e não saí mais. 

Por ter esse histórico mais técnico, sempre estive muito próxima do setor de papel e celulose, acompanhando de perto, inclusive, a dinâmica de toda a cadeia produtiva que o abastece. Nos últimos anos, tenho acompanhado com entusiasmo o quanto esse mercado tem se destacado, impulsionado por muitos investimentos em ampliações fabris e construção de novas plantas.  

Isso reflete diretamente na necessidade de novas florestas, movimentando uma cadeia produtiva ampla, que vai desde o viveiro e a silvicultura até a entrega do produto final. Além disso, é notável a valorização dos brasileiros que atuam em áreas técnicas, tanto no setor industrial quanto no florestal. 

Empresas de diferentes partes do mundo, especialmente da Europa, Ásia e América do Norte, têm buscado talentos no Brasil pela forte competência técnica e pelas características pessoais dos profissionais brasileiros. De uma maneira geral, somos reconhecidos pela resiliência, dedicação, adaptabilidade e flexibilidade, diferenciais claros no mercado internacional. 

O volume de vagas disponíveis no setor está elevado, tanto no Brasil quanto em outros países da América Latina, como Paraguai e Chile, e nos demais continentes. Nesse cenário, quem deseja explorar essas oportunidades internacionais deve dedicar tempo ao estudo e ao aprimoramento de idiomas, especialmente inglês e espanhol, que são requisitos importantes para expandir a empregabilidade. 

Essa abundância de oportunidades cria desafios para as empresas, que enfrentam dificuldades na contratação e retenção de talentos qualificados, especialmente nas áreas técnicas. Como consequência, muitas organizações têm recorrido a pacotes agressivos de remuneração e benefícios para manter seus profissionais-chave. 

É nesse contexto que os líderes devem refletir sobre o que realmente mantém alguém em uma organização. Minha experiência mostra que o perfil e o comportamento da liderança direta são fatores determinantes na decisão de um profissional permanecer em uma empresa. Ainda ouço relatos da existência de gestores muito duros e autocráticos no setor, o que evidencia a necessidade de mudança. 

Líderes mais humanizados conseguem inspirar equipes a alcançar melhores resultados. São gestores não apenas capazes de reter melhor os profissionais, como também fazer com que essas pessoas deem o melhor de si no dia a dia do trabalho, sejam mais engajadas, motivadas e produtivas. 

A localização da empresa e a infraestrutura oferecida para as famílias têm ganhado relevância nas decisões de profissionais durante os processos seletivos. Para cargos mais elevados, cujas atividades podem ser realizadas à distância, a flexibilidade no regime de trabalho, como a possibilidade de home office alguns dias na semana, também pesa nas avaliações. 

Outro fator importante para atrair e reter profissionais qualificados é o pacote de remuneração. Em meio à guerra por talentos, algumas empresas têm se destacado ao oferecer salários competitivos, bônus expressivos e incentivos de longo prazo. Vale destacar que, muito além de uma compensação financeira, o salário é uma das formas mais tangíveis de reconhecimento. 

Por fim, mas não menos importante, vem a questão da cultura corporativa. Mesmo com pacotes atrativos, se a reputação do líder direto ou da companhia não for boa, pode acontecer de algumas pessoas não aceitarem trabalhar na organização ou solicitarem o desligamento de maneira precoce. 

Felizmente, é possível notar muitas empresas do setor genuinamente interessadas e empenhadas em oferecer aos colaboradores um ambiente corporativo saudável. Tenho notado esse movimento, inclusive, naquelas companhias que, em um passado distante, amargaram dificuldades de atração e retenção de profissionais em decorrência de fama negativa com relação ao clima organizacional.  

Nesse sentido, tenho acompanhado uma preocupação genuína das maiores empresas do setor em trabalharem a questão de cultura e clima com bastante seriedade para minimizar esses impactos de uma fama negativa mesmo que seja algo de um passado mais distante. 

Do lado dos profissionais, destaca-se quem tem maior flexibilidade geográfica e disposição para atuar fora das capitais, onde estão muitas das oportunidades no setor. Destacam-se, ainda, aqueles que continuam estudando e se aprimorando para trazerem uma visão mais estratégica ao seu dia a dia, sendo elevados de simples contribuidores operacionais para um colaborador de valor.  

O aprendizado de idiomas, especialmente inglês, tem sido um diferencial importante, pois muitas empresas brasileiras e latino-americanas se tornaram players globais, demandando essa competência para trabalhar em um mercado cada vez mais conectado. Com o crescimento das ofertas de cursos on-line, com alguns oferecidos até mesmo gratuitamente, aqueles que realmente estão interessados no aprendizado têm mais chances de desenvolverem essa habilidade. 

No Brasil, o setor de papel e celulose tem sido também celeiro para outras indústrias, como o agronegócio e setores de base, incluindo o siderúrgico com suas florestas para a produção de carvão. Quem optar por investir em si mesmo e aumentar a própria empregabilidade, pode fazer isso pensando não apenas no próprio setor, mas nos mercados adjacentes. 

Vale lembrar que, em recrutamento e seleção, o mercado em geral segue pautado pela alta valorização das habilidades comportamentais dos candidatos. Dessa forma, se você quer crescer e se desenvolver na carreira, sugiro o investimento em autoconhecimento. 

Quando sabemos quem somos, o que queremos, do que precisamos e como reagimos às pessoas, aos acontecimentos e ao mundo, melhoramos na missão de lidar melhor com nós mesmos e com pessoas e situações desafiadoras. A capacidade de se comunicar de maneira clara, objetiva e respeitosa segue como um diferencial essencial e não deve ser negligenciada. 

Como você pode ver, em Papel e Celulose, o cenário é dinâmico e exige atenção, mas está repleto de oportunidades. O setor continua sendo um terreno fértil para profissionais que buscam crescimento e aprendizado. Mais do que acompanhar as tendências, quem se adapta e está disposto a inovar encontra um espaço não apenas para contribuir, mas para liderar.  

Que esse início de 2025 seja um convite à ação para profissionais e líderes. É na união de todos que seremos capazes de construir um setor ainda mais forte, competitivo e inspirador. 

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Isis Borge

Isis Borge é Diretora Associada e Sócia do Talenses Group. Com mais de 8 anos de experiência como engenheira e 14 anos no mercado de Executive Search, Isis tem uma trajetória consolidada em recrutamento para cargos de liderança e top management. Atualmente, ela lidera as divisões de recrutamento nos setores de Energia, Papel & Celulose, Indústria, Engenharia e Supply Chain da Talenses.
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