O Conselho Internacional de Associações Florestais e de Papel (ICFPA na sigla em inglês), fórum global de diálogo de associações regionais e nacionais dos principais países produtores de celulose, papel e madeira do mundo, divulgou seu Relatório de Progresso de Sustentabilidade bienal, que apresenta o desenvolvimento das áreas-chave de sustentabilidade no setor. O relatório de 2023 também destaca o papel que o setor de base florestal pode desempenhar no combate aos efeitos das mudanças climáticas.
“O setor florestal e seus produtos estão em uma posição única para impulsionar a transição para uma economia de baixo carbono por meio do manejo florestal sustentável, avançando a bioeconomia florestal e recuperando mais papel e embalagens de papel para reciclagem”, observou Jori Ringman, presidente do ICFPA e diretor geral da Confederação da Indústria Europeia de Celulose e Papel (Cepi).
A tendência geral do documento, que relata os avanços alcançados em 2020 e 2021 é positiva – um reflexo de que a indústria continua a melhorar em áreas-chave de sustentabilidade. Além de métricas quantitativas que demonstram o progresso em relação a compromissos associados à sustentabilidade, o relatório inclui estudos de caso para uma reflexão mais robusta e qualitativa do desempenho do setor acerca do tema.
O Brasil figura entre os estudos de caso do relatório com a pesquisa que deu origem ao Caderno de Biodiversidade do Setor de Árvores Cultivadas, desenvolvido pela Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e lançado em 2022. A pesquisa consolida dados de monitoramento sobre a biodiversidade presente nas empresas do setor de árvores brasileiro, que, além dos 9,9 milhões de hectares de área produtiva, mantém 6,05 milhões de hectares de áreas de conservação, uma extensão equivalente ao estado do Rio do Janeiro. Outros números de destaque são o registro de mais de 8 mil espécies de animais e plantas em áreas do setor, das quais 335 estão ameaçadas de extinção, segundo o ICMBio.
Além disso, o setor no Brasil também conta com outro diferencial: todos os produtos fabricados são originados de árvores que são plantadas, colhidas e replantadas exclusivamente para este fim, comumente em áreas previamente degradadas, como pastos. Esse é outro fato que contribui para a preservação dos biomas e sua biodiversidade.
“O setor brasileiro de árvores cultivadas vem trabalhando há décadas para produzir mais utilizando menos recursos naturais, enquanto oferece vasta gama de bioprodutos, recicláveis e biodegradáveis, para suprir crescentes demandas globais por uma economia mais verde e sustentável. Respeito ao meio ambiente e à biodiversidade em nosso setor também representa objetivo prioritário, cuja consecução temos medido com dados e bons exemplos, colhendo sempre grandes avanços em prol da sustentabilidade, com ganhos de produtividade e ampliação de impactos socioambientais que sejam efetivamente positivos”, comentou o embaixador José Carlos da Fonseca Junior, diretor executivo da Ibá.
Os principais progressos nos indicadores de desempenho de sustentabilidade do ICFPA incluem:
- 50% da fibra de madeira adquirida veio de florestas geridas de forma sustentável e com certificações de terceira parte, um aumento de 38 pontos percentuais em relação ao ano base de 2000;
- As emissões de gases de efeito estufa diminuíram 23,5% em relação a 2004/2005;
- A participação energética da biomassa e de outros combustíveis renováveis é de 63,7%, um aumento de quase 11 pontos percentuais desde 2004/2005;
- O uso da água pelo setor diminuiu 9,5%;
- Em 2021, quase 60% do papel e papelão produzidos globalmente foram reciclados para dar origem a novos produtos, marcando um aumento de 13,4 pontos percentuais desde o ano de 2000.
O Relatório de Progresso de Sustentabilidade do ICFPA de 2023 também inclui a divulgação dos ganhadores internacionais de 2023 para o prêmio ICFPA Blue Sky Young Researchers and Innovation Award. O tema do Blue Sky 2022-2023 foi “Construindo uma economia de baixo carbono com silvicultura e produtos florestais positivos para o clima”. O prêmio é coordenado no Brasil pela Ibá.
A vencedora foi pesquisadora brasileira Ivana Amorim Dias, que realizou um projeto em parceria com a Suzano cujo objetivo foi desenvolver processos sustentáveis para obtenção de produtos de alto valor agregado, que transformam, via queima, os resíduos da madeira, gerando bio-óleo com alto potencial de aplicação.