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Suzano avalia os baixos preços da celulose de fibra curta

Para a companhia, o atual preço da matéria prima não é sustentável, pois 20% da capacidade instalada de celulose de fibra curta no mundo tem custo de produção superior ao da cotação atual

Após anunciar a nova data para conclusão do Projeto Cerrado – que será a maior fábrica de celulose em linha única no mundo – e compreende o maior investimento privado em andamento no Brasil, de R$ 22,2 bilhões, a Suzano fez uma avalição sobre os baixos preços atuais da celulose. Segundo a companhia, os preços não são sustentáveis, mas ainda não é possível afirmar quando haverá uma recuperação mais consistente.

“Não é sustentável um preço de US$ 500 e pouco por tonelada porque isso faz com que muitos players percam dinheiro ao produzir celulose. A percepção é que, em algum momento, teremos um patamar maior de preços”, disse Walter Schalka, presidente da Suzano.

Com a implementação total do reajuste de US$ 30 por tonelada – segundo do ano – anunciado pela Suzano para o mercado asiático a partir de julho, o preço de comercialização da celulose de eucalipto na China deve chegar a US$ 530 por tonelada.

De acordo com Leonardo Grimaldi, diretor comercial de celulose da Suzano, nos níveis atuais, cerca de 20% da capacidade instalada de fibra curta no mundo, ou 8 milhões de toneladas, está produzindo com prejuízo.

Para Grimaldi, a demanda na China deve permanecer saudável, também por causa da sazonalidade e da parada inesperada em um grande produtor integrado local, refletindo positivamente na procura pela fibra comercializada na revenda. Em julho, a entrada de pedidos foi bastante expressiva.

“A demanda na Europa permanece como foco de nossa atenção, mas há consenso de que o processo de desestocagem vai acabar logo. Dessa forma, a demanda no segundo semestre deve ser maior”, acrescentou o executivo.

Os dados do balanço da Suzano, foram divulgados juntamente com o anúncio que as operações na nova fábrica de celulose da empresa serão iniciadas até junho de 2024.

Segundo Aires Galhardo, diretor de Operações de Celulose da Suzano, o cumprimento de marcos importantes nas obras, que já atingiram 70% de evolução, permitiu à companhia estabelecer uma data mais precisa para o start da fábrica.

Até o momento, 57% do investimento feito pela Suzano já foi executado, restando ainda cerca de R$ 9,8 bilhões. “Mantemos a previsão de produção de 2 milhões de toneladas nos primeiros 12 meses de operação”, disse Galhardo. A fábrica terá capacidade nominal de 2,55 milhões de toneladas por ano.

Os custos competitivos do Projeto Cerrado devem ampliar a distância entre a companhia e outros produtores sul-americanos de celulose, que também figuram no topo do ranking de competitividade da indústria global.

A nova fábrica de celulose da Suzano terá o menor custo caixa de produção do complexo industrial da companhia – e do mundo – devendo ficar em torno de R$ 500 por tonelada nos primeiros sete anos – primeiro ciclo –, caindo para R$ 400 por tonelada no segundo ciclo, de acordo com estimativas iniciais.

“A companhia está bem preparada para o futuro. Com o Projeto Cerrado, vai adicionar margem Ebitda mais forte”, afirmou Schalka.

No segundo trimestre de 2023, o custo caixa de celulose, sem paradas para manutenção, totalizou R$ 918 por tonelada, com alta de 7% na comparação anual, 2% a menos do que o registrado no primeiro trimestre do ano.

De acordo com Schalka, os resultados do segundo trimestre tornaram evidentes a resiliência da Suzano e demostram que a companhia está “muito preparada” para navegar em diferentes ciclos. “A Suzano tem se preparado para esses momentos, sabemos que eles fazem parte do processo de volatilidade”, afirmou. O executivo ainda acrescentou que os estoques de celulose, na companhia, permanecem abaixo do nível ótimo.

Fonte
Valor Econômico
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