Suzano considera exportar seus produtos para a China em yuans ao invés de dólar
Para Walter Schalka, CEO da companhia, a moeda chinesa tem ganhado mais importância no comércio com o país asiático
A Suzano, maior produtora do mundo de celulose de fibra curta, está considerando exportar seus produtos para a China em yuans – moeda chinesa – demonstrado que o dólar pode perder seu comando nos mercados de commodities.
Em entrevista à Bloomberg, em Nova York, Walter Schalka, CEO da Suzano, falou sobre o panorama atual das exportações de celulose e afirmou que a moeda chinesa tem ganhado importância e clientes menores exigem negócios atrelados ao yuan.
Atualmente, a China é a maior compradora de commodities, corresponde a 43% de toda a celulose da Suzano.
Recentemente, em visita à China, Luiz Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, manifestou seu apoio ao fim da dolarização no comércio entre os países-membros do Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – durante seu discurso na cerimônia de posse de Dilma Rousseff como presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), em Xangai.
Apesar do dólar ainda ser a principal moeda utilizada, o uso de yuan em contratos de todos os tipos tem ganhado velocidade. As sanções que cercaram Moscou após a invasão da Ucrânia aumentaram esse ritmo.
Para Schalka, apesar de reconhecer que ainda não houve uma “grande transição” para o uso da moeda chinesa, ele acredita que o dólar se tornará menos relevante.
Segundo o executivo, o aumento da tensão entre os EUA e a China é a principal preocupação da Suzano, visto que isso pode prejudicar a demanda e os preços da celulose por um longo período.
“A China vai se tornar mais relevante no mercado global, não tenho dúvidas. Minha percepção é que seria muito melhor ter uma colaboração de longo prazo entre o Ocidente e o Oriente, mas o que vemos é uma tensão crescente neste momento”, avaliou Schalka.