O Espírito Santo enfrenta um período atípico de estiagem, com todos os 78 municípios do estado sofrendo com diferentes graus de seca. Esse cenário contribuiu para o aumento de incêndios em áreas florestais, especialmente na região norte, prejudicando a produção agrícola e pecuária e gerando impactos duradouros. O Corpo de Bombeiros do Espírito Santo registrou um aumento de mais de 120% nos incêndios combatidos entre janeiro e julho de 2024, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Aracruz (ES), onde a Suzano, maior produtora mundial de celulose, possui operações significativas, tem sido uma das áreas mais afetadas. A empresa contabilizou 121 ocorrências de incêndios entre janeiro e julho de 2024, sendo 48 apenas no último mês, o que corresponde a quase 40% das ocorrências totais. Mais de 158 hectares foram atingidos pelo fogo, incluindo áreas próprias da Suzano e outras ao redor.
Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros em Aracruz, Major Lucas Sossai, a principal causa das queimadas ainda é a ação humana. “É importante desmistificar a ideia de que incêndios em vegetações são causados por guimbas de cigarro, fundos de garrafa ou algo assim. Essas são condições raríssimas. A grande maioria dos incêndios é causada por ações humanas, seja por irresponsabilidade ou intencionalidade, que é pior. E é importante ressaltar que quem provoca incêndio pode enfrentar sanções legais, incluindo responsabilidades civis e criminais, fora as tratativas que o IDAF (Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo) pode colocar”, reforçou o major. “A falta de percepção de risco ao iniciar fogo para limpeza ou outros fins, especialmente em períodos secos, pode resultar em tragédias. E é bom lembrar que essas práticas são proibidas por normas vigentes, normalmente decretos estaduais ou federais. Então existe um momento adequado para fazer as tais limpezas”, complementou.
Além dos números alarmantes, os incêndios em Aracruz geram prejuízos socioambientais significativos, destruindo a biodiversidade, ameaçando espécies e liberando gases poluentes prejudiciais à saúde. Em resposta, a Suzano intensificou suas ações de prevenção e combate a incêndios, investindo em equipamentos de monitoramento 24 horas, com o uso de satélites, drones e tecnologia avançada para a detecção de focos a partir de fontes de calor.
GUARDIÕES DA FLORESTA
Entre as ações promovidas pela empresa destaca-se o programa “Guardiões da Floresta”, que oferece um canal direto e gratuito para denúncias de incêndios e práticas prejudiciais ao meio ambiente. A iniciativa permite à população reportar ocorrências por telefone ou WhatsApp, através do número 0800 203 0000, contribuindo para a preservação das florestas.
Luiz Bueno, Gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais da Suzano, destacou a importância da colaboração popular e alertou sobre os riscos: “As chamas não conhecem divisas e ainda representam danos sérios para o meio ambiente, saúde pública e economia local, uma vez que acarreta o aumento de atendimentos hospitalares e gastos gerais da população com a saúde”, reforçou. “Com o ‘Guardiões da Floresta’ podemos intensificar nossa capacidade de resposta ao unificar as chamadas em um único canal, garantindo um monitoramento mais rápido e eficiente”, finalizou Bueno.
As ações da Suzano também incluem manejo florestal sustentável, treinamento rigoroso das brigadas conforme normas internacionais e parceria com o Corpo de Bombeiros, atuando em áreas próximas às propriedades da empresa quando necessário.