Suzano investe em ferramentas biotecnológicas para um futuro mais sustentável
Atualmente, a empresa dedica uma parte considerável de seus investimentos em inovação para o desenvolvimento de bioprodutos
Segundo Fernando Bertolucci, diretor executivo de Tecnologia e Inovação da Suzano, a companhia tem como missão “criar a árvore do futuro”. Para isso, realiza melhoramentos genéticos no eucalipto que cultiva, utilizando terapia genômica de ponta que criam “novas gerações” de árvores, com tendência a serem superiores às suas “antecedentes”.
“A cada ano, trazemos novas ferramentas biotecnológicas que permitem acelerar esse processo e, com isso, a gente pode produzir cada vez mais com menos recursos naturais, o que é mais do que um objetivo para nós. É uma obsessão”, declarou o executivo em entrevista à Época Negócios.
Atualmente, a empresa dedica uma parte considerável de seus investimentos em inovação para o desenvolvimento de bioprodutos. Para encontrar essas aplicações, conta com a ajuda de startups descobertas por meio da Suzano Ventures, frente de Corporate Venture Capital criada em 2022, com previsão inicial de investimentos de R$ 70 milhões – o foco é em startups em áreas de interesse da companhia, como o manejo florestal e a bioeconomia.
Nesse sentido, a companhia tem investido não apenas na celulose de mercado, como também na lignina. “O nosso desafio agora é transformar a lignina em outros produtos de maior valor agregado, além da bioenergia. Uma das possibilidades é usar o material para substituir o plástico na indústria de painéis de madeira. Também pode ser usada para produzir resinas de origem renovável, em substituição às resinas fenólicas nos processos industriais, e em outras aplicações que ainda vamos descobrir”, comentou Bertolucci.
Adicionalmente, em parceria com a finlandesa Spinnova, com quem a Suzano possui a joint venture chamada Woodspin, a empresa está desenvolvendo uma nova fibra têxtil a partir de uma combinação entre celulose microfibrilar e madeira.
“Montamos na Finlândia uma fábrica pré-comercial para a produção desses fios têxteis. O objetivo é alcançar a capacidade de 1 milhão de toneladas da fibra têxtil até 2033. A pegada de carbono dessa fibra é muito menor do que qualquer outra produzida no mundo hoje, porque não utiliza químicos nocivos ao meio ambiente, e porque permite uma economia de água muito significativa em relação às outras opções. E você sabe que a indústria têxtil é uma das mais poluentes do planeta”, ressaltou o executivo.
Nesse contexto, para promover a inovação, a Suzano conta com sete centros de pesquisa, quatro no Brasil e três no exterior – no Canadá, em Israel e na China –, cada um com sua própria especialidade, como a celulose no Brasil e a lignina no Canadá. “Montamos uma espécie de hub, para trabalharmos mais próximos dos nossos clientes locais”, disse o diretor.
Segundo Bertolucci, globalmente, os principais concorrentes quanto à geração de novos produtos a partir do eucalipto estão na Escandinávia. “Nesse momento, nós estamos buscando cooperação com empresas escandinavas para que juntos possamos ir mais longe, mais rápido. Mas isso ainda está em negociação”, finalizou.