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Suzano mantém estratégia de internacionalização das operações

De acordo com o novo presidente Beto Abreu, a companhia tem uma estratégia clara em relação a avenidas de crescimento e deve seguir buscando a internacionalização de suas operações para avançar na cadeia de valor

Apesar de registrar um desempenho operacional positivo no segundo trimestre do ano, a Suzano teve um prejuízo líquido atribuído aos sócios da controladora de R$ 3,77 bilhões, ante lucro líquido de R$ 5,07 bilhões na comparação anual.

De abril a junho, a Suzano vendeu 2,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto, 6% a mais que o volume vendido no primeiro trimestre do ano e um crescimento de 1% na comparação anual. “Não houve alteração dos estoques. A Suzano vendeu basicamente tudo o que produziu”, afirmou Marcelo Bacci, vice-presidente financeiro, de relações com investidores e jurídico da Suzano.

Segundo Bacci, a Suzano não pretende alterar sua estratégia de proteção do fluxo de caixa – hedge – adotada pela companhia há alguns anos devido às oscilações pontuais nos resultados, sem efeito caixa, como as vistas no segundo trimestre.

“Não pretendemos mudar a política de hedge, que está cumprindo seu papel de trazer mais previsibilidade de geração de caixa. As operações só significam entrada ou saída de caixa no vencimento, então flutuações no meio do caminho não preocupam. E há mais do que a contrapartida do lado das receitas”, afirmou o executivo.

De acordo com Beto Abreu, novo presidente da Suzano, a nova fábrica de celulose da Suzano, o Projeto Cerrado, está operando conforme o esperado, cumprindo o processo de comissionamento, e deve produzir 900 mil toneladas de celulose neste ano. Segundo ele, a primeira descarga de celulose produzida na nova planta já foi feita no Porto de Santos, em São Paulo.

INTERNACIONALIZAÇÃO DAS OPERAÇÕES

Nesse contexto, a oferta adicional de celulose no mercado global deu início a um processo de correção dos preços, que até o final do ano devem ser menores do que os praticados no segundo trimestre. “De fato, a correção de preços já está acontecendo. Mas, do ponto de vista de variáveis estruturais, quando olhamos Estados Unidos e Europa, a demanda é bastante consistente”, afirmou Abreu. “É cedo para falar em recessão nos Estados Unidos”, acrescentou o executivo.

Foto: Ana Paula Paiva / Valor

Em relação ao mercado chinês, Abreu acredita que o governo local deve seguir em busca do crescimento de 5% projetado para o ano. “Não vemos queda de demanda estrutural na China. Pelo contrário, houve até alguma redução dos estoques”, comentou.

Para o novo presidente da Suzano, a companhia tem uma estratégia “clara” em relação a avenidas de crescimento e, com o Projeto Cerrado, mantém sua posição de relevância global em fibra curta, que corresponde a um terço do mercado. O plano é manter essa posição no longo prazo, mas também “avançar na cadeia de valor”.

Ainda segundo Abreu, a internacionalização das operações é um meio importante para alcançar esse objetivo. “A internacionalização é uma forma importante de fazer isso, visto que já não tem tanta oportunidade assim no mercado brasileiro”, explicou. “Queremos dar continuidade a essa estratégia, que é robusta, observando as premissas de geração de valor, retorno adequado e busca por ativos em que seja possível mostrar diferenciais competitivos, que possam ser escalados”, acrescentou o presidente da companhia.

De acordo com o executivo, a aquisição recente de duas fábricas da americana Pactiv Evergreen, por US$ 110 milhões, vai permitir à companhia aquele mercado e continuar avaliando outras oportunidades. Já ao adquirir 15% de participação da Lenzing, uma empresa austríaca especializada em celulose solúvel e tecidos,  conforme Bacci, a Suzano entra no mercado têxtil mostrando que pretende se posicionar ao longo da cadeia de valor, e não apenas na ponta inicial, a celulose solúvel.

Além de permitir a aceleração da estratégia de internacionalização da Suzano, a entrada em operação de Cerrado deve dar ritmo à desalavancagem financeira da companhia ao longo do segundo semestre.

 

Fonte
Valor Econômico Valor Econômico
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