NotíciasReportagem especial

Três décadas de transformação: a jornada de Maurício Miranda na Suzano e na indústria de celulose

Diretor Industrial Regional Sul da Suzano acompanhou a construção das fábricas de Três Lagoas (MS) e do Projeto Cerrado e compartilha sua visão sobre liderança, sustentabilidade e o futuro da engenharia industrial no Brasil

Da engenharia à liderança de grandes operações, Maurício Miranda construiu uma trajetória marcada por aprendizado contínuo, propósito e transformação. Diretor Industrial Regional Sul da Suzano, ele soma mais de 30 anos de atuação na companhia e acompanhou de perto alguns dos marcos mais emblemáticos da empresa, como a implantação das fábricas de Três Lagoas (MS) e o desenvolvimento do Projeto Cerrado, em Ribas do Rio Pardo (MS), o maior investimento privado em andamento no Brasil.

DA ENGENHARIA AO COMANDO DE OPERAÇÕES

Maurício iniciou sua jornada como estagiário na unidade de Jacareí (SP), na estrutura de engenharia. “Foi, em um primeiro momento, a leitura do desafio que você está dentro da universidade, na visão acadêmica, e, na hora que você entra numa indústria do porte das fábricas de celulose, realmente era algo que me encantou demais”, relembrou. Desde então, passou por diferentes áreas — engenharia elétrica, automação, construções e obras, além da gerência de implantação de projetos — até chegar à diretoria de operações das unidades de Jacareí, Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo.

Projeto Cerrado da Suzano em Ribas do Rio Pardo (MS). (Foto: Suzano)

Segundo o executivo, essa longevidade está diretamente ligada à dinâmica interna da Suzano. “É uma trajetória mesmo, não foi um lugar que se parou e estagnou. O nosso negócio permite muito isso”, afirmou.

LIDERANÇA FORTE E GENTIL

A experiência de três décadas também revela a evolução do estilo de liderança. Miranda observou que, no passado, o comando era “muito mais forte do que gentil” e baseado em hierarquias rígidas. Hoje, a Suzano busca um modelo “muito mais inspirador e transformador”. Ele explicou que o princípio fundamental da gestão é ser “forte no controle dos processos e gentil com as pessoas”.

Para ele, o engajamento cresce quando o trabalho tem propósito. “As pessoas hoje querem saber o porquê devem fazer as coisas. Só faz sentido trabalharem quando tem propósito. Eu tenho que entender o que eu tô fazendo. Então, mesmo quando você tem algum desafio pontual e você precisa engajar o time, é muito mais fácil quando você traz o contexto”, completou.

O IMPACTO ALÉM DA FÁBRICA

Entre as experiências mais marcantes, o diretor citou o desenvolvimento do Projeto Cerrado e seu impacto social em Ribas do Rio Pardo. A Suzano criou um curso técnico em parceria com o SENAI para formar profissionais locais, muitos sem contato prévio com o ambiente industrial. O desafio de engajamento foi superado quando os alunos visitaram a fábrica de Três Lagoas. “A hora que eles enxergaram o que é uma indústria de celulose, eu falei: ‘Exatamente, vocês irão operar isso aqui’”, relatou.

SENAI e Suzano formaram 197 profissionais para atuar na indústria em Ribas do Rio Pardo (MS). (Foto: Divulgação)

O resultado foi uma celebração que ele descreveu com emoção: “Os formandos estavam mais empolgados do que quando eu peguei um certificado em Stanford, nos Estados Unidos”. Para Miranda, a visão de desenvolvimento local expressa o propósito maior da companhia: “O que só é bom para nós se for bom pro mundo. Não faz sentido a gente ter uma operação extremamente bem-sucedida num entorno mal sucedido.”

ENGENHARIA E TECNOLOGIA PARA O FUTURO

Ao olhar para o futuro da engenharia industrial no país, o diretor destacou a vantagem competitiva da celulose brasileira, baseada na força florestal e na tecnologia. “O diferencial reside em ter plantas modernas, forte adequação ambiental, aplicação do estado da arte, muita tecnologia e muita automação para manter também a competitividade industrial”, explicou.

Ele também ressaltou a importância da diversidade e da qualificação: “Hoje, temos uma crescente presença feminina nas cadeiras de engenharia, e a indústria já utiliza tecnologias como inteligência artificial e machine learning, o que exige profissionais cada vez mais preparados”.

LIÇÕES DE UMA JORNADA

Ao final, Maurício Miranda compartilhou um conselho aos jovens profissionais: encarar cada desafio como uma oportunidade de crescimento. “Deve-se olhar pura e simplesmente para a oportunidade. A cada desafio transformado e vivido como oportunidade é o que vai permitir essa descoberta que é individual”.

Ele reforçou que o desenvolvimento de carreira é uma responsabilidade pessoal e incentivou os estagiários a buscarem conhecimento de forma ativa: “Tem que olhar e tentar projetar — ‘Olha, é essa a jornada que eu quero. Eu sou protagonista, vou trilhar por esse caminho, me dedicar e, logicamente, fazer o que eu gosto'”.

Mostrar mais
Botão Voltar ao topo