Na última semana, a Veracel Celulose se reuniu com grupos de pescadores, autoridades e membros das comunidades, em Belmonte e Santa Cruz Cabrália, na Bahia, para debater os dados de 2022 do seu Projeto de Monitoramento de Desembarque Pesqueiro.
A ação é realizada pela companhia desde 2014, com o apoio da empresa de consultoria técnico-ambiental Ambipar Response Fauna e Flora. O Monitoramento traz dados detalhados sobre a dinâmica da pesca artesanal na região.
O objetivo é contribuir para a gestão da atividade, verificar se há impactos das atividades da empresa sobre a pesca na região e, principalmente, gerar oportunidades de ganhos aos pescadores, além de supri-los de dados que permitam sua inscrição em projetos governamentais de fomento.
“O Monitoramento do Desembarque Pesqueiro beneficia todos os elos da cadeia de pesca da região. A Veracel busca auxiliar os pescadores na compilação de informações que venham a demonstrar sua produção. Assim, eles podem se credenciar e ser contemplados com políticas públicas direcionadas à comunidade pesqueira”, afirma Marco Aurélio Barbosa Santos, especialista ambiental. “Com os dados, podemos averiguar, com bases concretas, que não tem havido impactos das atividades da Veracel para a atividade de pesca ao longo de todos esses anos”, comenta Barbosa.
Cada monitoramento é realizado durante 12 meses, período em que técnicos da Ambipar coletam os dados junto aos pescadores. O registro da atividade é feito diariamente pelos agentes de pesquisa em pontos de desembarque pré-determinados. Além desse trabalho diário dos agentes de coleta de dados, em algumas localidades as informações são registradas por colaboradores das Associações de Pescadores.
Valdenir de Oliveira, presidente da colônia de pescadores de Belmonte, comenta a importância do monitoramento para a comunidade: “Esse monitoramento é muito bom para os pescadores e para Belmonte, com ele conseguimos saber a quantidade do que estamos pescando e conseguindo distribuir para Porto Seguro, Eunápolis e até mesmo Salvador”.
Os resultados trazem informações importantes, como: quantidade e qualidade do pescado, esforço pesqueiro (número de saídas das embarcações), regiões de pesca, tipos e número de embarcações em atividade, receita gerada com a primeira venda do pescado, apetrechos de pesca, entre outros dados. Tudo é consolidado em relatórios e, ao longo do tempo, é possível avaliar o comportamento da pesca na região.
Em 2020 e 2021 o monitoramento não foi realizado, devido às restrições impostas como medida de prevenção contra a Covid-19. Em 2022, com a flexibilização da necessidade de medidas protetivas contra a pandemia, foi possível retomar o monitoramento e os dados referentes ao ano passado foram divulgados recentemente, nas últimas reuniões.
RESULTADOS
A produção pesqueira monitorada em 2022 movimentou mais de R$ 4,5 milhões, somente na primeira comercialização do produto pescado. Para Barbosa, a compilação desses números pode orientar o aperfeiçoamento da prática pesqueira. “No litoral, o turismo e a pesca costumam ser as principais fontes de renda. No caso da pesca artesanal, é importante considerar as características sociais, econômicas e até históricas específicas de uma região, e a atividade representa o sustento de famílias inteiras por gerações. Por meio desse monitoramento, os pescadores também podem influenciar as políticas públicas de apoio à atividade de pesca em todo o litoral sul da Bahia”, avalia o especialista.
Em Santa Cruz Cabrália, foram identificadas 35 embarcações ativas. Elas são, em sua maioria, de médio porte (68%), com pouca estrutura para longas viagens ou para grandes capturas. Ao longo do ano, foram registrados 676 desembarques pesqueiros no porto de Cabrália, representando uma produção total de aproximadamente 185 toneladas e renda superior a R$ 4 milhões. A guaiuba, o camarão sete-barbas, o dourado e o badejo lideraram a produção de desembarque no ano, com cerca de 57% do total.
Já o distrito de Coroa Vermelha registrou uma produção aproximada de 18,7 toneladas e 585 desembarques. Na localidade, a atividade é direcionada a camarões, com destaque para o sete-barbas, que representa 69% do total pescado. O rendimento anual total em 2022 foi de cerca de R$ 261 mil.
Na cidade, foram realizados 24 desembarques ao longo do ano, com produção aproximada de 6,7 toneladas e geração de R$ 145 mil em renda. Os destaques ficam para a guaiuba, o dourado e o badejo, que totalizaram 67% do total pescado.