Igualdade de gênero também é justiça social
Por Renata Stringueta Nishio, gerente de Sustentabilidade da Ibá e mestra em ciências ambientais
Para além de uma jornada por igualdade, a caminhada estabelecida pelas mulheres há décadas é uma batalha por justiça social. Se miramos um horizonte cuja equidade social seja uma realidade, é dever de todo cidadão ultrapassar barreiras como desequilíbrio entre gêneros, raças, classes sociais, entre outros aspectos que colocam uma bola de ferro em nossos tornozelos e atrasam a plena evolução.
A simbologia deste 8 de março é forte para a humanidade e cumpre o importante papel para compreensão de que a reflexão sobre o tema ainda permanece importante e de todos. Homens, lideranças e todos os demais atores devem participar desta construção de um novo panorama. Fato é que a ONU incorporou o assunto entre seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, destacando na ODS 5 a necessidade de “alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”.
O setor de árvores cultivadas, por sua vez, vem atuando sobre os trilhos do ESG (Ambiental, Social e de Governança) há anos. Não são somente as notáveis ações ambientalmente sustentáveis que baseiam essa afirmação, mas a prática de aspectos fundamentais por parte de companhias para que seja criada e enraizada uma cultura que tenha sustentação no ESG. Isso passa pelo conhecimento da matriz de materialidade da organização, por suas fortalezas ou ameaças dentro dos pilares da sustentabilidade e governança corporativa.
Foi este trajeto de autoconhecimento que possibilitou e impulsionou empresas a criarem programas e estabelecerem metas para avanço de presença de mulheres em seus quadros de colaboradores em todas as posições.
Segundo o estudo mais recente da Rede Mulher Florestal, chamado Panorama de Gênero do Setor Florestal, a proporção entre homens e mulheres na indústria está em 19% para o sexo feminino e 81% masculino. Houve um avanço em relação à pesquisa do ano anterior, mas ainda há um caminho a ser percorrido, que está sendo pavimentado por companhias florestais.
Trata-se de um passo importante e justo para um setor robusto e pujante, responsável por um PIB de R$244,6 bilhões e gerador de 553 mil empregos diretos em todo o país.
Como parte deste processo, a Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) tem atuado de modo a impulsionar discussões e trocas de experiências que fomentem o avanço de ações efetivas. No ano de 2022 foram realizadas 10 capacitações com foco em Diversidade & Inclusão, projeto encabeçadas pela área de sustentabilidade da associação. Em duas oportunidades as temáticas foram gênero e empoderamento das mulheres das comunidades vizinhas.
Os demais temas foram planejamento, vieses inconscientes, etnia, pessoas com deficiência, etarismo, LGBTQIAPN+, ações de permanência dos grupos diversos nas empresas, ações estratégicas para atração da diversidade e engajamento da liderança.
No período, foram mais de 1.100 pessoas que se fizeram presentes nestes ricos momentos. Destaque para a participação ativa de lideranças, pois este engajamento é fundamental para impulsionar valores e cultura em uma organização.
Movimentos, independente de sua magnitude, têm o poder e a capacidade de influenciar ações coletivas. Por isso, passos como este devem ter continuidade, para seguir inspirando e impulsionando novas ações, cuja justiça social esteja em foco.
Não se pode perder de vista que, além da movimentação da iniciativa privada, o poder público também tem uma missão a cumprir. A participação de mulheres na política pode e deve crescer. Isto, sem dúvidas, trará impacto extremamente positivo nesta jornada.
Também não podemos nos esquivar de olhar para o futuro com ações efetivas desde já. Aqui se faz urgente uma atenção especial para a educação. Temos o desafio de influenciar uma mudança de atitude nos dias atuais, mas precisamos nos comprometer fortemente com a missão de educar as crianças para que no amanhã tenhamos adultos com valores que priorizem a igualdade e equidade.
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