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O setor de árvores cultivadas é um farol a iluminar o caminho da retomada verde

Por Paulo Hartung, economista, presidente-executivo da Ibá, membro do conselho consultivo do RenovaBR e ex-governador do Espírito Santo (2003-2010/2015-2018)

Estamos em um momento crucial para o futuro da humanidade. É inegável que as rotas utilizadas para alcançar o desenvolvimento, principalmente após a revolução industrial, implicam riscos para a natureza e o meio ambiente. Os impactos diretos à humanidade tornam-se mais frequentes com eventos naturais extremos, que acentuam o sofrimento, principalmente dos mais vulneráveis.

Outrora considerado temática lateral, o desafio das mudanças climáticas se tornou assunto central nas discussões da sociedade, de nações e corporações como durante o Fórum Econômico Mundial 2023, em Davos. O setor financeiro demonstrou preocupação com o risco climático, evidenciando as possibilidades que a transição verde pode trazer para a economia global. Desafiador, esse modelo de desenvolvimento tem potencial de, além de trazer fôlego ambiental, ser socialmente inclusivo.

Os imensos ativos ambientais do Brasil nos colocam como potencial protagonista da economia de baixo carbono. É aqui que estão a maior floresta tropical e a maior biodiversidade do mundo, além de 12% de toda água doce disponível na Terra e uma matriz energética diferenciada. Soma-se a isso o fato de o país possuir mais de 80 milhões de hectares de terras com algum nível de degradação. Ou seja, há espaço para a agricultura nacional avançar sem a necessidade de abrir novas áreas.

Para aproveitar todo este potencial, é urgente o combate às ilegalidades que assolam a região Amazônica, como desmatamento, grilagem, garimpo e queimadas. É imperativa a adoção de ações para impulsionar a geração de emprego e renda, inclusive, para parte dos 25 milhões de brasileiras e brasileiros que vivem na região com muitos desafios, como o episódio escandaloso da crise sanitária e humanitária do povo Yanomami.

Este é um passo primordial para mantermos a floresta em pé e começarmos a trabalhar em sinergia com a natureza.

Estamos prontos para atender os anseios de uma sociedade contemporânea. Desde a semente até o produto final, a agroindústria de árvores cultivadas tem há anos um olhar cuidadoso em cada etapa do processo. É uma das luzes a iluminar este caminho da bioeconomia. São anos investindo para fazer uso inteligente da terra, respeitar a natureza e cuidar das pessoas.

São 9,93 milhões de hectares de árvores produtivas, plantadas colhidas e replantadas, em áreas comumente antes degradadas. Além disso, o setor mantém áreas de conservação que somam 6,05 milhões de hectares, área maior do que o estado do Rio de Janeiro. Presentes em mais de mil municípios em todo o país, essas operações agroindustriais transformam realidades, levando dinamismo para regiões afastadas dos principais centros urbanos, como pude ver na minha visita ao Projeto Cerrado da Suzano, no Mato Grosso do Sul, uma megafábrica de celulose totalmente desenhada para atender aos mais altos padrões de sustentabilidade.  As obras já estão movimentando positivamente Ribas do Rio Pardo e arredores. Lá estão sendo investidos R$ 19,3 bilhões no empreendimento, que empregará 10 mil pessoas no pico da construção e terá outros 3 mil colaboradores fixos após o início da operação da planta, previsto para 2026.

E este é apenas um dos projetos da ampla carteira desse setor, que até 2028 prevê investir R$ 54,2 bilhões. São aplicações em florestas, unidades fabris, P&D, incluindo muitos investimentos em novas alternativas para o dia a dia do consumidor, com bioprodutos de origem renovável e sustentável. A nanotecnologia, a geração de energia limpa e outros produtos para substituir os insumos de origem fóssil, na fabricação de resinas e concreto são alguns desses itens.

Comprovando que trabalho sustentável gera valor compartilhado e resultados econômicos, dados da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) revelam que o setor, como um todo, alcançou faturamento de R$ 244,6 bilhões em 2022. Globalmente competitiva, a indústria de base florestal trouxe divisas de US$ 14,3 bilhões no mesmo ano. A balança comercial setorial também demonstra um importante saldo de US$ 13,2 bilhões. Todos estes números são recordes históricos. Trata-se de um modelo de negócios que evidencia o enorme potencial nacional e que comprova ser viável produzir e conservar.

Este artigo reflete as opiniões do colunista e não do Nexum Group/Portal Celulose. O veículo não se responsabiliza pelas informações publicadas acima e/ou possíveis danos em decorrência delas.

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Ibá

A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) é a associação responsável pela representação institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à indústria. Com o objetivo de valorizar os produtos originários dos cultivos de pinus, eucalipto e demais espécies destinadas a fins industriais, a Ibá atua em defesa dos interesses do setor. Esse trabalho é desenvolvido junto a autoridades e órgãos governamentais, entidades da cadeia produtiva de árvores plantadas e importantes setores a economia, organizações socioambientais, universidades, escolas, consumidores e imprensa – tanto nacional como internacionalmente.

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