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Analistas preveem queda nos preços da celulose no segundo semestre

Aumento da oferta e desaceleração da demanda na China devem influenciar a redução dos preços, com impacto esperado no mercado global

O segundo semestre promete ser marcado por uma redução nos preços da celulose, impulsionada pelo aumento da oferta da matéria-prima, uma potencial desaceleração da demanda na China e uma procura sazonalmente mais fraca no Hemisfério Norte durante o verão. Analistas indicaram que a indústria pode enfrentar uma reversão da tendência positiva observada desde meados de 2023. Nos primeiros cinco meses deste ano, a alta foi de US$ 100, ou 15,5%, atingindo US$ 745 por tonelada no mercado chinês.

Do lado da oferta, a Suzano começará as operações do Projeto Cerrado em julho, adicionando 2,55 milhões de toneladas anuais de celulose de eucalipto ao mercado. Apesar de ajustes na previsão de partida, a empresa mantém a estimativa de produzir 900 mil toneladas em 2024, com vendas de 700 mil toneladas.

Na China, a Liansheng Pulp and Paper, um novo player no setor, está operando uma nova linha que aumentará sua capacidade de produção integrada de celulose e papel para 3,9 milhões de toneladas por ano na província de Fujian.

Além disso, segundo o especialista no mercado de celulose do Rabobank, Andres Padilla, a Metsa Fiber está retomando as operações na fábrica em Kemi, na Finlândia, após uma explosão que paralisou a unidade em março. A chilena CMPC, que havia reduzido a operação na fábrica de Guaíba, Rio Grande do Sul, devido às enchentes em abril, já normalizou a produção.

A Fastmarkets relatou que os produtores recuaram da aplicação de um aumento de US$ 30 por tonelada de fibra curta no mercado chinês, previsto para junho. Na revenda chinesa, os preços da fibra curta subiram levemente, mas estão cerca de US$ 36 abaixo do valor de importação, segundo o BTG Pactual. Este mercado geralmente reflete a tendência dos preços de importação.

Padilla, do Rabobank, explicou que os preços da matéria-prima foram impulsionados no primeiro semestre por problemas recorrentes de oferta, com paradas não programadas que retiraram 664 mil toneladas do mercado, conforme levantamento da Fastmarkets: “A menor disponibilidade nos últimos seis meses, somada à demanda estável na China, tem permitido uma continuidade na recuperação dos preços. Olhando à frente, parece provável que os preços enfrentem dificuldades para se manter elevados”.

O especialista acrescentou que a demanda tende a ser sazonalmente mais fraca nos meses de verão no Hemisfério Norte, e já há sinais de queda dos preços do papel na China.

“Tudo isso sugere um quadro de demanda menos dinâmica no terceiro trimestre”, afirmou Padilla, observando que novas paradas não programadas e problemas logísticos, como os vistos no início do ano, podem alterar esse cenário via redução de oferta.

Para o Santander, que recentemente retomou a cobertura do setor de celulose e papel na América Latina, os fundamentos de mercado ainda sustentam preços acima de US$ 740 por tonelada no curto prazo.

Fonte
Valor Econômico
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