Celulose no mundoNotícias

Não há disponibilidade de madeira para novas fábricas de celulose, diz Walter Schalka

Segundo o presidente da Suzano, não há madeira disponível para novos projetos no curto e médio prazo no Brasil, Paraguai e Uruguai

De acordo com Walter Schalka, presidente da Suzano, apesar do crescimento da oferta de celulose de fibra curta prevista para o próximo ano, não há previsão de novas plantas a partir de 2024 e não há madeira disponível para que sejam desenvolvidos novos projetos no curto e médio prazo no Brasil, Paraguai e Uruguai. “Não há disponibilidade de fibra no curto prazo no Brasil e nos países limítrofes. Existe a perspectiva de terras disponíveis para que novos projetos aconteçam, mas não no curto prazo”, afirmou o executivo.

O encarecimento da madeira nos últimos anos devido à disputa por fibras elevou também os preços das terras, o que irá refletir em retornos menores para projetos futuros. “Novos projetos vão trazer retornos marginalmente menores, lembrando que madeira é 45% do custo caixa de produção da celulose”, afirmou Schalka. O executivo ainda acrescentou que a Suzano estava se preparando para esse cenário e pretende plantar 300 mil hectares de eucalipto ainda em 2023.

Segundo Schalka, com o início das operações do Projeto MAPA da Arauco, no Chile, e da fábrica da UPM Paso de los Toros, no Uruguai contribuíram para um aumento da oferta de fibra curta de celulose e para a os recentes reajustes dos preços. A entrada do Projeto Cerrado em Ribas do Rio Pardo (MS) – da Suzano –, que será concluído até junho de 2024, também pressionará o mercado, mas a expectativa é de que o cenário esteja melhor a partir daí, já que não haverá novas plantas em construção, ao mesmo tempo em que mais fábricas de alto custo devem fechar as portas e a demanda, crescer de maneira orgânica.

“Não haverá novas fábricas [além das já anunciadas] no curto prazo. Nenhuma nova fábrica iniciará construção até o fim do ano e esses projetos são construídos em 30 meses”, complementou.

Para o executivo, a demanda de fibra curta vai muito bem na China e nos Estados Unidos, diferentemente da Europa, onde a combinação de desestocagem ao longo da cadeia e uma economia mais fraca resultaram em compras menores da matéria-prima. Nesse cenário, além dos preços no mercado europeu estarem abaixo dos praticados na China, levaram ao mais recente anúncio de reajuste de preços de até US$ 50 por tonelada, válidos a partir de setembro.

Neste momento, uma parte relevante dos produtores europeus estão operando com custo de produção superior ao preço, o que torna os patamares atuais insustentáveis. Na China, com o reajuste, o preço líquido da fibra curta chegará a US$ 550 por tonelada.

“Em algum momento, o preço vai voltar para o patamar histórico mínimo, sem esquecer que houve inflação”, disse. Na última década, o preço médio da celulose ficou em US$ 625 por tonelada.

Sobre as possibilidades de crescimento da Suzano, Schalka afirmou que a companhia pode entrar “em vários outros negócios”, a partir da biomassa. “Nossa percepção é que quem tiver acesso a biomassa competitiva vai criar um diferencial competitivo e de difícil replicabilidade”. Para o executivo, ainda existe um potencial relevante na geração de valor para o setor de base florestal a partir de créditos de carbono e questionou a forma como essa indústria é avaliada. “Tem uma inconsistência na análise que o mundo faz sobre nosso setor. É inconcebível que tenha múltiplos tão diferentes”, disse.

Fonte
Valor Econômico
Mostrar mais

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo