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Economia circular na prática

Por Paulo Hartung, economista, presidente-executivo da Ibá, membro do conselho consultivo do RenovaBR e ex-governador do Espírito Santo

Como bem disse Albert Einstein, “os problemas significativos que enfrentamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando os criamos”. A atual emergência climática exige que todos os atores sociais reinventem seu modo de viver e de fazer negócios. Dar uma resposta positiva para a natureza é urgente.

Neste enfrentamento do maior desafio das atuais gerações, a principal corrida tem sido por mitigar o despejo desenfreado de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, o que empurra o planeta para o aquecimento acima do 1,5°C até 2100, contrariando as metas vislumbradas.

No percorrer desta jornada, no entanto, temos outras barreiras a superar. Segundo a International Solid Waste Association (ISWA), a geração de resíduos sólidos no mundo pode atingir 3,4 bilhões de toneladas anuais até o ano de 2050.

Isso significa um aumento de 70% quando comparado ao ano de 2016. Encarar seriamente a produção de lixo no mundo é fundamental para que o meio ambiente seja resgatado da convulsão em que se encontra. Neste sentido, enraizar o conceito da economia circular é fundamental.

Com passos firmes nesta caminhada em prol de um futuro melhor, a Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) vem empenhando esforços em estimular a circularidade, o consumo consciente e a educação ambiental. A ação #CirculeUmLivro é a tradução destes esforços em uma campanha que, cada vez mais, vem sensibilizando diretamente brasileiras e brasileiros.

Iniciada em 2022, a campanha já foi organizada em duas oportunidades em conjunto com o Metrô de São Paulo. Na segunda edição, que aconteceu em abril deste ano durante a semana do Dia Mundial do Livro, seis estações do metrô receberam o movimento, que estimulou o sentimento de circularidade entre os passageiros por meio da doação de um livro já lido em troca de outro.

Milhares de exemplares foram doados por editoras e parceiros para dar início à ação. Também foram instalados totens e painéis chamativos, que convidaram a população a refletir sobre a importância da leitura e a sustentabilidade do papel. Importante ressaltar que o papel produzido no país vem 100% de árvores que são plantadas, colhidas e replantadas exclusivamente para este fim, comumente em áreas antes degradadas. Além disso, a taxa de reciclagem do papel no Brasil é uma das maiores do mundo, chegando a 66,7%.

Este ano, ainda fomos além. Três das estações também receberam atividades culturais, que, de forma lúdica, ofereceram às famílias um momento para aprender sobre a biodiversidade de nosso país e a conservação deste verdadeiro patrimônio.

Mas o principal resultado foi o ar de brasilidade que o #CirculeUmLivro tem ganhado em 2023. Inspiradas pelo sucesso da campanha em dialogar com o público sobre o tema da circularidade, associações estaduais do setor florestal parceiras da Ibá também decidiram levar a campanha para outras regiões do país.

No mês de maio, Associação Paranaense de Resflorestamento (APRE) abraçou o projeto e, ao lado da Embrapa, movimentou o centro de Curitiba com totens localizados na Boca Maldita, local histórico considerado o coração da cidade. Milhares de curitibanos foram positivamente impactados e estimulados a trocar, gratuitamente, conhecimento com outras pessoas por meio de livros.

Agora, a Associação Mineira da Indústria Florestal (AMIF), em conjunto com o Metrô de Belo Horizonte, encampará o #CirculeUmLivro entre os dias 26 e 30 de junho em cinco estações (Central, El Dourado, Lagoinha, São Gabriel e Vilarinho).

Em breve, a Bahia receberá a ação. A ABAF está costurando os detalhes para que baianas e baianos possam praticar a circularidade, por meio de um instrumento tão importante para a formação humana como é o livro.

Vale menção que há intenção de também levar a ação para o Rio de Janeiro e para o interior de São Paulo.

Tais iniciativas e ações fazem parte de um movimento essencial que, como humanidade, precisamos fazer. É primordial inspirar e estimular novos projetos que envolvam o público, conscientizem, espalhem conhecimento e impulsionem a sustentabilidade desde cedo.

As novas gerações já vêm tornando a economia circular parte de sua realidade, inserindo a ideia na indústria da moda. O reuso de roupas tem se mostrado tendência de comportamento totalmente alinhada com as necessidades contemporâneas.

Outro passo que faz parte dessa jornada é a transição energética global para uma matriz limpa. Se quisermos interromper o acúmulo de GEEs na atmosfera, é imprescindível trocar os combustíveis fósseis por fontes ambientalmente adequadas. O Brasil tem imenso potencial para se tornar um importante fornecedor de energia limpa para o mundo.

É fato que passamos muito tempo explorando o planeta e seus recursos de forma desmedida e pouco consciente. Agora, é necessário um profundo entendimento de que tudo o que produzimos, eventualmente, voltará à terra ou precisará ser reciclado. É esse pensamento que deve guiar a economia do futuro.

O momento pelo qual o planeta passa não tem precedentes. Há desafios imensos, dos quais não podemos mais nos furtar em encarar. A boa notícia é que, para aqueles que assumirem a vanguarda, esses desafios também podem significar boas oportunidades. Para concretizá-las, entretanto, será fundamental fechar ciclos e iniciar uma nova etapa onde a sustentabilidade seja questão de primeira ordem a todos os planetários.

Este artigo reflete as opiniões do colunista e não do Nexum Group/Portal Celulose. O veículo não se responsabiliza pelas informações publicadas acima e/ou possíveis danos em decorrência delas.

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Ibá

A Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) é a associação responsável pela representação institucional da cadeia produtiva de árvores plantadas, do campo à indústria. Com o objetivo de valorizar os produtos originários dos cultivos de pinus, eucalipto e demais espécies destinadas a fins industriais, a Ibá atua em defesa dos interesses do setor. Esse trabalho é desenvolvido junto a autoridades e órgãos governamentais, entidades da cadeia produtiva de árvores plantadas e importantes setores a economia, organizações socioambientais, universidades, escolas, consumidores e imprensa – tanto nacional como internacionalmente.

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